O médico tinha uma relação intrínseca com a cidade, tanto que acabou marcando a capital com a criação de um hospital para onde grande parte dos curitibanos corre ao menor sinal de ataque de rinite, sinusite ou durante as consequências das constantes mudanças de temperatura que fazem parte da caricatura de Curitiba. Do pré-escolar ao antigo científico, estudou no Colégio Medianeira, partindo em seguida para o curso de Medicina na Universidade Federal do Paraná. Especializado em Otorrinolaringologia, tornou-se docente na mesma universidade.

Foi no departamento da instituição, com o colega otorrino João Luiz Garcia de Faria, que surgiu a ideia de criar, em 1992, um Centro de Especialidades na área de Otorrinolaringologia. Tudo começou com duas pequenas casas no bairro Portão. Com o ar dos anos, novos sócios se juntaram ao empreendimento, assim como aumentou o número de atendimentos, de variedades de procedimentos médicos realizados e de sedes do Instituto Paranaense de Otorrinolaringologia (IPO), que ou a ser chamado de Hospital IPO.

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Leão se aposentou como professor da UFPR em 2020, mas continuava realizando atendimento médico no Hospital. Em 2004, foi presidente da Associação Paranaense de Otorrinolaringologia. De acordo com a esposa, Maria Beatriz de Pinho Teixeira Mocellin, para ele não havia preferência entre um ofício ou outro – o atendimento ou a docência – amava as duas atividades de maneira igual. “Nas homenagens que prestaram a ele, vários acadêmicos contaram que decidiram pela especialidade em otorrino por causa dele. Era muito humano e querido por todos”, comenta Maria Beatriz.

Casados há 39 anos, Maria Beatriz esteve presente na vida dele desde os grandes momentos marcantes até os detalhes do dia a dia. Em homenagem a ela, Leão batizou seu barco de “Bea”. Integrante do Iate Clube de Guaratuba, ele encontrava nas pescarias recorrentes na baía alguns de seus momentos preferidos. A paixão pela pesca foi uma tradição de família que seguiu com todo o gosto. Além dela, tinha como hobbies jogar poker, viajar, colecionar e fumar charutos. Para cada uma das atividades, ativava um grupo de amigos, mostrando que, no fundo, os momentos especiais eram feitos não apenas dos hábitos que o agradavam, mas de companhias queridas.

Há 13 anos, ou por um transplante renal que potencializou a paixão que sempre teve pela vida. Por nem sempre ter a certeza da qualidade que teria no dia de amanhã, apreciava todos os dias de maneira profunda. “Ele amava a vida, e o nome Leão é justo porque ele foi mesmo um guerreiro”, relembra Maria Beatriz. Leão Mocellin deixa esposa, um filho e uma netinha que carrega o nome de guerreiro na certidão de nascimento.