“O calendário de encontros bilaterais é igualmente objeto das tratativas. Os dois governos têm interesse que se possa alcançar solução mutuamente aceitável no menor prazo possível, em linha com o excelente momento das relações entre Brasil e Paraguai e a importância da usina para a parceria bilateral”, destaca.

O clima diplomático entre os dois países, no entanto, não está entre os mais amistosos. Esta foi a primeira vez que um dos governos bloqueou caixa e orçamento da hidrelétrica, desde a do tratado há cinco décadas.

A hidrelétrica está sem orçamento aprovado para o ano e com os procedimentos provisórios travados. Isso tem provocado, segundo interlocutores, “desconforto a apreensão”.

A situação se potencializaria porque os dois países discutem a revisão do chamado Anexo C do Tratado de Itaipu, que define, além dos pontos de operação da hidrelétrica, questões financeiras e orçamentárias. Como a dívida para construção da hidrelétrica foi quitada em 2023, ficarão em caixa cerca de US$ 2 bilhões por ano e será pelo Anexo C que se definirá a destinação desses recursos.

Os dois países também têm discordâncias sobre a utilização dessa verba, que precisa ser definida em comum acordo. O Brasil cogita utilização das verbas na redução de tarifas e em projetos sociais, enquanto o governo Peña deve reivindicar investimento em grandes obras de infraestrutura e logística.

Outro ponto elencado pelo governo paraguaio é o de livre comércio de sua energia excedente, sem a obrigatoriedade de venda ao Brasil - e sim a quem pagar mais. A margem paraguaia da hidrelétrica não tem se manifestado sobre o bloqueio no caixa e orçamento nem sobre as medidas adotadas para avanço nas negociações.

Já o presidente do país vizinho disse, após encontro com Lula na semana ada, que a “conversa foi sincera, aberta e construtiva", apesar de não se encontrar soluções. O preço da energia elétrica já foi tema de ao menos quatro reuniões entre os dois países nos últimos seis meses.

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