Paraná tem faturamento maior que regiões inteiras do Brasil
O faturamento registrado no último ano pelo estado do Paraná é superior ao total obtido pela região Nordeste, cujos nove estados movimentaram R$ 115 bilhões em negócios. O valor - R$ 154 bilhões - também é três vezes mais que o do Norte do Brasil - R$ 53 bilhões.
No recorte da região Sul, o Paraná é seguido pelo Rio Grande do Sul - com R$ 107 bilhões - e Santa Catarina - com R$ 76 bilhões. “Se precisar aumentar produção amanhã, se tiver demanda, a gente consegue sem dificuldades porque temos capacidade nas nossas indústrias", afirma o presidente da Abia.
Ele defende a a abertura de novos mercados e mais acordos comerciais. "Estrutura, vontade e determinação para esse aumento nós temos”, reforça. Atrás dos números, há uma cadeia produtiva dinâmica que emprega quase 1,2 milhão de paranaenses, sendo 224 mil empregados diretos e outros 966 mil de forma indireta, influenciando o tecido socioeconômico do estado.
Com 3,4 mil unidades de produção distribuídas por 399 municípios, a indústria de alimentos e bebidas do Paraná não só coloca a comida na mesa dos próprios paranaenses, mas alcança todos os continentes, respondendo por uma fatia de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual, que somou R$ 665,65 bilhões no último ano.
“Nenhuma região do Brasil e na América do Sul consegue produzir tanto por metro quadrado como o Paraná, em quantidade, em variedade e industrialização da produção do que vem do campo. Esse tem sido o diferencial do nosso estado com exportações crescentes, somos um grande supermercado do mundo”, enaltece o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD).
Para além da dinâmica do setor, os dados demonstram seu potencial transformador e importância estratégica para o desenvolvimento regional. “Nosso principal objetivo é a transformação de alimentos e agregar valor. O grande número de indústrias da transformação indica a capacidade e o potencial em transformar o milho e a soja em ração animal e, em vez de vender in natura, como commodity, vendemos a carne transformada, com agregação de valor, geração de emprego e de renda”, afirma o presidente do Programa Oeste em Desenvolvimento (POD), Rainer Zielasko.
O órgão está na região do estado que concentra cinco das dez maiores cooperativas do agro do Brasil, referência em produção e exportação de proteína animal. O desenvolvimento regional, fomentado pela indústria alimentícia, levou ao entorno uma condição de pleno emprego.
“O que nos falta são pessoas a serem contratadas: mantemos cerca de 12 mil vagas de empregos abertas e não conseguimos preenchê-las. Necessitamos de profissionais para mantermos a evolução e o crescimento da indústria que alimenta o mundo”, completa o industrial.
Os empregos gerados pelo segmento representam uma parcela significativa na cadeia formal, correspondendo a 34% do total das carteiras assinadas na indústria do estado. Exerce um papel crucial na integração da produção agropecuária, com 65,3% da matéria-prima adquirida diretamente do campo, fortalecendo a economia rural e a cadeia produtiva agrícola paranaense.
“Temos capacidade técnica, de qualidade e com segurança sanitária para expandir produção, principalmente no setor de suinocultura com a abertura de novos mercados como o canadense, o sul-coreano, o japonês, o mexicano, o chileno. O Paraná é uma referência produtiva na indústria de alimentos e nos mantemos em expansão”, destaca o ex-secretário da Agricultura e Abastecimento do Paranáe atual secretário estadual da Fazenda, Norberto Ortigara.
Outro aspecto marcante é a contribuição para as relações comerciais, com as exportações do setor tendo totalizado US$ 8,9 bilhões em 2023, próximo de R$ 44,5 bilhões. Todos os segmentos somados exportaram no estado US$ 25,3 bilhões (R$ 124,8 bilhões).
“Esse montante não apenas fortalece a balança comercial do estado, mas projeta a qualidade e competitividade dos produtos alimentícios paranaenses nos mercados internacionais, reforçando sua posição como um importante player no cenário global da indústria de alimentos”, acrescenta Ortigara.
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Carlos Fávaro, afirmou que no curto prazo devem ser abertos ao menos nove novos mercados internacionais. O foco está na exportação de alimentos, especificamente proteínas, carro-chefe da indústria alimentícia do Paraná.
Segundo o ministro, os novos compradores vão se somar à lista de quase 40 aberturas comerciais registradas em 2023. “Essas parcerias comerciais vão beneficiar de forma muito precisa o estado do Paraná, que já exporta em grandes volumes e que atua de forma tão importante na produção de proteínas. Novos mercados significam avanço econômico, social e de referência dos mais diversos segmentos. O Paraná é destaque na produção e transformação. Uma indústria forte e em evolução”, destacou.
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O avanço da cadeia produtiva está respaldado, no que depender do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). O presidente do órgão, empresário Edson Vasconcelos, reforçou que a Fiep está empenhada em percorrer o estado para sensibilizar poderes públicos à implantação de parques fabris em planos diretores, favorecendo vocações regionais e estratégias para a implantação de novos complexos.
“Precisamos olhar o estado mais pró-política industrial, não apenas para o que está aí. Mostrar que o Paraná é competitivo para instalar novas unidades de produção, mostrar aos investidores que temos condições, estrutura e que somos atrativos em muitas frentes”, afirma.
Para Vasconcelos, é essencial proporcionar aos gestores municipais um olhar específico sobre a indústria. Ele aponta que o fechamento de uma indústria dificilmente será suprido por outra no mesmo local e ramo e que por isso vocações precisam ser valorizadas.
Para que o projeto prospere, avalia Vasconcelos, é prioritário um cenário tributário mais favorável, assim como medidas regulamentatórias diferenciadas e de olhar especial ao enfrentamento à burocracia. “Um empresário não pode esperar um ano para um licenciamento. Ele vai para outro lugar assim como um plano diretor de um município que não esteja conectado ao potencial industrial, o que é prejudicial para o desenvolvimento. Os poderes precisam caminhar juntos com o setor produtivo".
Sobre esse ponto, o presidente-executivo da Abia evidencia que a vocação na transformação dos produtos fez com que o Brasil saísse de uma condição de "celeiro do mundo", em 2019, para "supermercado do mundo", no último ano. “Em 2023 fomos a maior indústria exportadora de alimentos do planeta [em tonelagem comercializada]. Já tínhamos ado por pouco os Estados Unidos em 2022, mas em 2023 veio a consolidação. Ninguém exporta mais que o Brasil, mas também vendemos muito para o mercado interno”.
Do total produzido pela indústria brasileira de alimentos e bebidas em 2023, 73% foram consumidos pelos 210 milhões de brasileiros. Os outros 27% seguiram para exportação.
No último parágrafo, foi atualizada a informação sobre o percentual exportado pela indústria de alimentos e bebidas (27%), ao contrário dos 17% informados inicialmente.
Corrigido em 13/08/2024 às 16:51
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