Para a professora, o Paraná e o Brasil ainda estão longe de alcançar os índices internacionais. “Falta muito para chegarmos lá. É uma caminhada, mas melhoramos nos últimos anos de forma significativa”, observa. Segundo Torres, o Ideb é uma avaliação muito importante porque a partir do resultado é possível melhorar. 1v3n3j
“O Paraná ter conseguido elevar os índices em um período de pandemia pode ser considerado um mérito”, afirma a professora, que atribui à pandemia o fato de o Estado não ter atingido a meta estipulada pelo governo. A meta era chegar a 5,1 nas escolas públicas de Ensino Médio e ficou em 4,6. Nos anos finais do Fundamental, a meta previa 5,3 e chegou a 5,2.
“Foi um período muito desafiador. Os estudantes não puderam ir para a escola e nem todos tinham o à tecnologia para acompanhar de forma remota”, analisa.
Para a especialista em educação, Claudia Costin, os dados gerais do Ideb são importantes para a recuperação da aprendizagem, mas não são comparáveis com anos anteriores. Ex-secretária municipal de Educação do Rio de Janeiro e diretora global de Educação do Banco Mundial, Costin lembra que o Ideb é composto pelas notas das provas de Língua Portuguesa e Matemática e pelo índice de aprovação. “Durante a pandemia, muitos estados e municípios evitaram reprovar os alunos”, lembra.
Para ela, “a não reprovação, num certo sentido foi positiva, especialmente porque quando se tem uma crise econômica, como foi o que aconteceu com a pandemia, o risco de se perder alunos é grande. Abandonam a escola para ir trabalhar e, se reprovam, é mais difícil de evitar essa evasão”.
Claudia Costin que hoje é diretoria do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), destaca o bom desempenho do Paraná no Ensino Médio, onde o Estado teve a melhor nota e assumiu a liderança nacional. "Em português, foi a maior nota em todo o Ensino Médio do país e, em matemática, só ficou atrás do Espírito Santo”, observa.
Para a especialista, o bom desempenho se deve, em grande parte, à estratégia de ensino remoto “adotada de forma competente” pela rede pública estadual do Paraná. “As escolas conseguiram se organizar por turmas, o estado desenvolveu uma plataforma para redação e a inclusão digital foi ampla, com 95% dos alunos presentes na plataforma”, conta Costin, que diz conhecer de perto a realidade paranaense e ter visitado o estado algumas vezes, inclusive no período de pandemia.
As duas especialistas destacam que, embora o Paraná não tenha ido mal no Ideb, não dá para negar que aconteceram perdas no processo de aprendizagem nos últimos anos. “Não se pode agora varrer pra debaixo do tapete. É preciso montar um bom sistema de recomposição dessas perdas”, destaca Costin. Ela observa que será muito importante os estados ajudarem os municípios. “Os estados que conseguiram avançar bem no fundamental 1 foram aqueles em que os estados ajudaram os municípios”, destaca a especialista. Em média, em todo o Brasil, os anos iniciais foram os que tiveram os piores desempenho no Ideb.
No Paraná não foi diferente. Do 1º ao 5º ano, onde a educação está a cargo das prefeituras, o Ideb da rede pública ou de 6,5 na pesquisa anterior (2019) para 6,1 na atual (2021). O que também será muito importante, segundo Costin, é ampliar progressivamente o número de escolas em tempo integral. “Mais uma vez ficou claro que os estados que vêm avançando no Ideb, entre eles Pernambuco e Paraíba, são aqueles que colocaram suas redes públicas em tempo integral”, pontua. No Paraná, de acordo com dados da Secretaria Estadual da Educação, apenas 8% da rede estadual que abrange os anos finais do Fundamental e o Ensino Médio são atendidos com educação em tempo integral.
Sobre a defasagem no período da pandemia, a professora Patrícia Torres, da PUR, conta que desenvolve um projeto internacional de educação com a União Europeia e países estão avaliando desconsiderar os dois últimos anos no que se refere ao processo de aprendizagem. “A ideia é rever todo o currículo, distribuindo os conteúdos ao longo dos próximos [anos] como forma de evitar que os estudantes percam o que não foi dado nesse período de pandemia”, observa.
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