Cooperativas operam em todos os portos na tentativa de acelerar exportações 3r131g

O presidente da Ocepar lembra que as cooperativas do estado estão operando em todos os portos possíveis no Brasil para dar vazão às exportações. O Porto de Paranaguá (PR) espera escoar de outubro a dezembro 3,6 milhões de toneladas somente de soja, volume 200% maior que o registrado no mesmo período de 2022.

Ricken pontua que, de 2016 até agora, houve um aumento expressivo na produção estadual, mas que praticamente se mantiveram as condições de armazenagem. “Em 2016 nossa capacidade estática de estocagem era de 90% da safra e a produção normal era de 36 milhões de toneladas. Conseguíamos estocar até 29 milhões de toneladas. Hoje temos uma safra de quase 46 milhões de toneladas, logo caminhamos para os 50 milhões e os armazéns aram de 29 para 31 milhões de toneladas de capacidade”, compara.

Segundo ele, se forem sobrevoadas áreas produtivas no estado será possível identificar propriedades inteiras tomadas por silos bolsa, cereais ensacados ou em armazenagem em estilo piscinas. Esses espaços não são adequados para a conservação dos grãos em estocagens de longo período. “Essa chuva toda no Paraná piora a situação e preocupa muito pela conservação dos grãos”, reforça.

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Há pouco mais de uma semana, representantes da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) se reuniram com a diretoria do BNDES no Rio de Janeiro para tratar do assunto. Ricken esteve no encontro cujo tema principal foi a liberação de linhas de financiamento específicas para silos e armazéns.

“O Plano Safra (deste ciclo) trouxe uma realidade um pouco diferente, com financiamentos para armazéns de fazendas com capacidade para até 6 mil toneladas. São recursos para incentivar o fazendeiro a fazer a estocagem e a regulação na entrega. Para ele é viável, mas não é a realidade do Paraná: 82% dos produtores do estado não têm 50 hectares, não têm dinheiro para fazer um armazém e quem faz esse trabalho são as cooperativas. Recebemos mais de 62% das safras e elas vêm basicamente de pequenas propriedades”, completa o presidente da Ocepar.

Ele lembra que, além do déficit natural, cooperativas paranaenses registraram perda de capacidade de estocagem nas últimas semanas após estruturas serem atingidas pelos fortes temporais. Para Ricken, armazém não se constrói com recurso caro, com juros elevados ou com crédito tomado em dólar, porque o retorno é em um ciclo de 12 a 15 anos. “Não se paga fácil e com juros de investimento só onera a produção. Ter mais capacidade de estocagem é estratégico para o país, fundamental para quem vai ar dos 300 milhões de toneladas de produção e precisa ter o equivalente disso em armazéns”, considera.

O setor produtivo estima que, para equalizar o déficit nos próximos anos, seria necessária, de forma perene, a destinação de R$ 1,2 bilhão por ano somente para capacidade de armazenamento.

O assunto volta à pauta da OCB nas próximas semanas, quando haverá uma reunião, ainda sem data definida, com representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Ministério da Fazenda, do Desenvolvimento e Indústria e o BNDES para tratar de novos canais de financiamento. O setor acredita que isso possa ocorrer dentro do programa de reindustrialização do país, chamado de Plano Indústria, coordenado pelo vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento e Indústria, Geraldo Alckmin.

“O agro é uma indústria. Além disso, não é só construir novos armazéns, é modernizar, otimizar, dar fluxo na recepção, expedição, na secagem, melhorar o que temos”, completa Ricken.

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