“Antes de 2026 temos outros três anos. Obviamente, se for o momento adequado, se eu tiver condições e se eu for a pessoa escolhida dentro de um projeto de grupo, partidário, posso ser uma opção. Mesmo se não for o protagonista desse movimento, quero ajudar a construir essa alternativa. Se ela vai ser vitoriosa, só saberemos em 2026. O meu estado é um estado protagonista, então é natural que meu nome possa estar no tabuleiro”, disse.
O mineiro Romeu Zema (Novo) é outro que busca tentar ocupar o vácuo deixado pela inelegibilidade de Bolsonaro. Sem participação legislativa de peso por parte de seu partido, Zema tem tentado cativar a oposição ao governo Lula sem necessariamente se aproximar dos bolsonaristas. A favor de Zema pesa uma antiga tradição eleitoral brasileira de considerar todo governador mineiro um potencial candidato a presidente, resquício da época da República do Café com Leite, quando mineiros e paulistas se alternavam no governo federal.
“Nós respeitamos a história, mas está na hora de entrarmos na era da 'República do Pinhão', com erva-mate e pé vermelho”, cravou o ex-líder do PSD no legislativo estadual do Paraná, deputado Tiago Amaral. “Nossa capital, Curitiba, é uma cidade-modelo em muitas iniciativas mundo afora. A gente tem um interior que não existe outro igual em nenhum outro canto do planeta, com tanta qualidade de solos e terras agricultáveis. Somos a origem de um dos principais modelos de plantio do planeta, que é o plantio direto. Isso foi criado aqui no nosso estado. O agro brasileiro só é o que é hoje graças às inúmeras pesquisas e iniciativas que temos aqui no Paraná”, completou o deputado, em entrevista à Gazeta do Povo.
Na avaliação de Amaral, essas características permitem que o Paraná ocupe uma posição de protagonismo nacional em relação à presidência da República. A candidatura de Ratinho Junior, para ele, é o o mais natural dentro desse processo de reconhecimento do estado no cenário nacional.
“Nosso país, por ser continental e ter uma colonização muito diversa, reúne povos de características muito distintas. O Paraná tem exatamente esta mesma característica. Temos o Paraná da capital, que é Curitiba e Região Metropolitana. Temos o Paraná paulista no norte do estado, região de Londrina e Maringá. Temos o Paraná gaúcho ali no Sudoeste e no Sul. Saber istrar e conhecer essas realidades diversas é um fator que naturalmente dá habilidades suficientes e necessárias para um presidente do Brasil”, completou.
Dada a proximidade que teve com o ex-presidente enquanto ministro da Infraestrutura, Tarcísio é visto por um a cada quatro eleitores como sucessor natural de Bolsonaro, segundo levantamento feito em maio pelo Instituto Paraná Pesquisas. O expressivo índice de aprovação em outra pesquisa do mesmo instituto, 65,3%, também entra na conta dessa possível sucessão eleitoral.
Pesa contra Tarcísio, porém, o fato de não haver uma identificação mais forte e clara com a “pauta de costumes” tão cara aos conservadores. “O governador está continuando aquilo que a gente rejeitou. Qual é a opinião do governador sobre o Hospital das Clínicas, sobre o bloco trans? Qual é a opinião do secretário da Saúde? Acho que a proteção da infância, da adolescência e da juventude é uma prioridade”, disparou à Gazeta do Povo o deputado estadual Gil Diniz (PL), que é próximo da família Bolsonaro.
O pouco tempo como governador também é um fator que, na opinião do Secretário de Projetos Estratégicos do governo paulista, Guilherme Afif Domingos, praticamente tira o nome de Tarcísio do páreo. “Política tem fila e precisa ser respeitada. O Tarcísio é um talento e uma revelação, mas ele tem que ter um tempo de maturação da sua imagem. Existem opções se destacando no centro-direita. Romeu Zema, Ratinho Junior e Ronaldo Caiado são lideranças que estão no seu segundo mandato e o Tarcísio ainda está no primeiro”, disse.
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