“Há um caráter estratégico na produção local e avançamos nas cadeias de suprimentos dessas tecnologias porque precisamos desse insumo perto e ível para nossas vacinas e também para apoiar projetos externos que usem esses insumos, que aceleram ensaios clínicos”, diz ele. 4t1r4k
Segundo Krieger, a decisão pelo investimento em biológicos pela Fiocruz parte de um monitoramento prospectivo das tecnologias que estão surgindo. “No campo do diagnóstico, por exemplo, 15 anos atrás focamos em testes rápidos moleculares, que se mostraram superimportantes na pandemia. Hoje, novas tecnologias para vacinas e terapias avançadas, baseadas em biológicos e genéticos, tendem a expandir, e nossa obrigação é dominá-las, para poder oferecer novas soluções e melhorar produtos existentes”, defende ele.
O pesquisador Valderílio Azevedo, da Edumed, da Universidade Federal do Paraná (UFPR) reitera a atual dependência externa do Brasil em relação a remédios biológicos. Ele diz que se houvesse um “bloqueio” ao país, “80% dos pacientes que usam anticorpos monoclonais — um tipo de medicamento biológico — ficariam sem tratamento, porque são todos produzidos fora do território nacional”. Azevedo relembra que até pouco tempo atrás a insulina não era produzida por aqui. “Desenvolver produtos biotecnológicos tem a ver com soberania”, pontua.
Azevedo cita que, de acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), só 12% dos remédios disponíveis nas farmácias no SUS no Brasil são biológicos, mesmo sendo a área responsável por 60% dos gastos públicos com medicamentos no país.
O pesquisador acredita em uma aceleração do mercado a partir de 2024, principalmente no setor de medicamentos biossimilares, que são remédios biológicos que visam os mesmos resultados em termos de segurança, qualidade e eficácia em relação a um medicamento sintético existente e aprovado pelas agências reguladoras. “Mais de 100 medicamentos perderão patente de 2024 a 2029, e há 27 lançamentos previstos entre 2021 e 2025”, apresenta ele.
Entre as áreas médicas que têm ganhado a atenção dos desenvolvedores de biossimilares estão a reumatologia, dermatologia, gastroenterologia, oncologia, cardiologia e neurologia.
Entre os desafios da biotecnologia no segmento da saúde, que precisam ser superadas para que o Paraná se torne uma referência em soluções biotecnológicas integradas, inovadoras e sustentáveis até 2031, tratados durante o Encontro de Rotas Biotecnológicas - Terapias e Diagnósticos Avançados, estão:
O evento teve a parceria do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe e Faculdades Pequeno Príncipe, e apoio da Fundação Araucária e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).