“O que as escolas precisam ter, em primeiro lugar, é uma definição clara do que fazer em caso de ataque. É preciso, antes de tudo, proteger estudantes e funcionários, deixar corredores vazios e salas trancadas. Para onde essas crianças vão correr? Onde será o ponto de encontro? Em caso de vítimas, quem vai dar o primeiro atendimento? Pesquisas feitas nos Estados Unidos mostram que na maioria dos casos, estes ataques duram, em média, 300 segundos. Então, muitas vezes, não dá tempo de esperar a chegada das autoridades de segurança”, explicou. 2x5w48

Consciência do risco 386970

Segundo Ana Flavia, a empresa, nascida na Suécia, começou a atuar no Brasil em 2020. Por conta da pandemia, o primeiro foco da sectech – como são chamadas as startups focadas em oferecer produtos e serviços da área de segurança – foi indústrias e empresas. Mas agora, explicou a CEO da Cosafe para a América Latina, as atenções estão voltadas para a prevenção de crises nas escolas.

“O setor de Educação no Brasil é carente não só dessa cultura de gestão de crise, mas de algo que vem antes, que é a consciência do risco. Isso é algo que, infelizmente, não existe por aqui. Isso nos deixa muito atrás de países como os Estados Unidos, onde se tem essa consciência, e todos estão mais preparados. No Brasil não, ainda é comum essa ideia de que ‘isso nunca vai acontecer comigo’, ou ‘se eu estivesse lá eu ia dar um jeito’”, avaliou.

PM do Paraná está fazendo treinamento nas escolas da rede estadual 4d533w

Em uma ação conjunta, a Polícia Militar do Paraná e a Secretaria Estadual de Educação (Seed) estão realizando operações de Treinamento de Segurança Escolar Avançado em escolas da rede estadual de ensino. O primeiro dos treinamentos ocorreu no fim de março, no Colégio Estadual Cívico Militar Ermelino de Leão, em Curitiba. No projeto-piloto, houve um simulado de uma invasão da escola por um agressor armado.

Cerca de 60 estudantes e 20 instrutores participaram da ação, que foi filmada e será distribuída para todas as escolas da rede estadual do Paraná como forma de auxiliar no treinamento de prevenção a ataques. Para o major Ricardo da Costa, comandante do Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária (BPEC), a iniciativa é uma forma de preparar a comunidade escolar para reagir em caso de agressores ativos.

“Nunca tivemos um caso desses no Paraná, mas isso pode vir a acontecer. Nosso objetivo com esse tipo de ação é buscar minimizar ao máximo os riscos de termos agressores invadindo nossas escolas. Por outro lado, caso isso ocorra, é importante que todos na comunidade escolar tenham internalizadas as ações necessárias para tentar escapar, e em último caso, conter esse agressor”, comentou, em entrevista à Gazeta do Povo.

Correr; se esconder; atacar g1a14

A tática de “correr/se esconder/atacar”, citada pelo major, é bastante difundida nos Estados Unidos e é presença constante nas orientações oferecidas aos estudantes por instituições de ensino daquele país. Em caso de ataques, a primeira orientação é tentar escapar do agressor e acionar as forças de segurança assim que for seguro. Se esta não for uma opção, a orientação é buscar abrigo em um local fechado, bloqueando a porta de o se possível e permanecendo em silêncio. Por fim, caso haja risco iminente de vida, atacar o agressor pode ser a última saída para se evitar o pior.

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Nos dias que se seguiram ao ataque em São Paulo, a Secretaria de Educação do Paraná registrou uma série de denúncias de possíveis ataques a escolas, como revelou à Gazeta do Povo o coordenador de Diversidade e Direitos Humanos da pasta, Lourival de Araújo Filho. A maioria dos casos, porém, não ou de trotes aplicados por estudantes, seja na forma de bilhetes ou recados escritos nos quadros e nas paredes dos banheiros ou mesmo em ligações para as secretarias das escolas.

Uma pesquisa feita pelo FBI entre os anos de 2000 e 2013 mostrou que a comunicação por escrito, como a detalhada por Araújo Filho, esteve presente em 27% dos casos estudados. Não há um fator único que possibilite a identificação prévia do agressor, porém, em 73% dos casos analisados, foi identificado algum tipo de ligação com o local do ataque – 88% dos agressores com menos de 18 anos atacaram a escola onde estudavam. Nos casos envolvendo estudantes, tendências comportamentais que indicavam a possibilidade de ataque foram percebidas, em sua maioria, por professores e funcionários das escolas (75% das ocorrências) e por colegas de sala (92% das ocorrências).

“O aumento nessas notificações é um comportamento que, infelizmente, se repete a cada novo ataque. Nós sabemos disso, mas mesmo assim temos que dar toda a atenção a cada uma dessas possíveis denúncias. Algumas dessas situações são identificadas e resolvidas pelas próprias escolas, e nem chegam à secretaria. De qualquer forma, não podemos ignorar e nem deixar ar nenhuma dessas situações”, contou o coordenador.

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