Entre as escolhas de Lula, vale lembrar que, nos cinco anos anteriores a 2007, o PIB brasileiro havia crescido à taxa média (arredondada) de 3% ao ano, mas os gastos públicos com pessoal e custeio da máquina istrativa atingiram 9% ao ano no mesmo período, e essa prioridade teve como correspondência o baixo investimento governamental em infraestrutura. O governo deixou de fazer o mais necessário para o crescimento econômico, que era o investimento em infraestrutura – em especial o investimento em capacidade de produzir energia –, para gastar com pessoal e custeio. Naquele momento, a dívida pública interna e externa estava em valor considerado alto como porcentagem do PIB e da carga tributária; logo, o governo não tinha espaço para contrair empréstimos destinados a cobrir um programa de obras públicas. Resumo: persistiu a insuficiência de investimento e, por consequência, a insuficiência de capital físico capaz de sustentar o crescimento. 86g2v
A descrição daquela situação tem similitude com o momento atual. O texto daquele editorial de agosto de 2007 poderia ser reproduzido integralmente hoje, pois se aplica à situação atual do Brasil, com a ressalva de que a falta de chuvas e a pandemia foram catástrofes naturais, não geradas por ação de governo. O texto concluía dizendo que o país deveria pensar em quatro medidas profundas: 1. um forte programa para diminuir o tamanho da máquina estatal e seu volume de gastos; 2. ampliar rapidamente o espaço para o investimento privado nacional e estrangeiro nas áreas de infraestrutura; 3. acelerar o programa de privatização e concessões, incluindo as parcerias público-privadas; 4. reduzir a tributação sobre investimentos nas áreas mais críticas da infraestrutura. Algumas recomendações foram colocadas em prática desde então, mas em outros casos os problemas e os erros continuam se repetindo.