E não há como alegar que não haveria problema na divulgação das conversas com base no famoso “quem não deve não teme”. Se assim fosse, estaríamos legitimando a violação total da privacidade não apenas de Aras, mas de qualquer agente público, sem pretexto algum. Se não há indício de cometimento de crime, investigação formalmente instaurada e decisão formal referente à quebra de sigilo telemático, não há razão alguma para a divulgação de diálogos, mesmo que de autoridades. Pretender o contrário é tolerar que, em nome de uma compreensão equivocada do que seja a transparência, o Estado avance ainda mais sobre os direitos dos brasileiros, retirando-lhes garantias constitucionalmente protegidas. 1m1q1f

Os abusos cometidos contra os oito empresários – dos quais, lembre-se, apenas três trataram de um possível golpe no Brasil – já colocam o país no rumo de uma autocracia em que opiniões e conjecturas são vigiadas e punidas. Agora, parlamentares que integram a Casa legislativa que deveria impor limites aos excessos do STF se juntam com gosto à perseguição movida pela corte e pretendem ampliar a violação de direitos básicos daqueles de quem se discorda politicamente. Nesta “parceria” entre senadores e ministros liberticidas, o cidadão brasileiro se vê cada vez mais acuado – tudo, claro, “em nome da democracia”.