Por isso, é preciso repudiar a caracterização de todos os acampados como “terroristas”; além de não corresponder à realidade, trata-se de um artifício bastante conveniente para que o governo, o Judiciário e seus aliados na opinião pública promovam uma repressão mais ampla contra qualquer um que manifeste seu desagrado com Lula ou com os excessos do Supremo – afinal, contra terroristas vale tudo, prometeu Moraes em seu despacho, ainda que obviamente tenha evitado essas palavras. 501g28
Ao excesso de tal ordem de prisão emitida contra manifestantes que não se envolveram na invasão da Praça dos Três Poderes soma-se, agora, a enorme lentidão na triagem realizada pela Polícia Federal no ginásio da Academia Nacional da PF, e que já motivou queixas de parlamentares e do Instituto Nacional de Advocacia, que disseram faltar condições básicas às cerca de 1,5 mil pessoas levadas pela PF ao local – o grupo inclui tanto vândalos quanto manifestantes que ficaram no acampamento até ele ser desmontado. A PF, no entanto, além de já ter liberado mais de um terço dos detidos (especialmente idosos e mães com crianças pequenas), afirmou em nota que todos estão recebendo alimentação, água e atendimento médico quando necessário; Moraes, por sua vez, preferiu o deboche ao dizer que “terroristas” querem “que a prisão seja uma colônia de férias”, mais uma vez deixando subentendido que o necessário esforço para investigar e punir o caos em Brasília deverá abrir a porta para uma repressão tão ampla quanto injusta.