A dívida brasileira não é exatamente aquele tipo de endividamento mais aceitável, em que um governo fiscalmente responsável busca financiamento para permitir grandes projetos de custo altíssimo e que demoram a dar retorno. Seria mais acertado dizer que a trajetória crescente de endividamento é consequência do simples fato de que o Estado brasileiro habitualmente gasta mais do que arrecada, e esse gasto não necessariamente reverte em serviços de qualidade para o cidadão – muito dinheiro escorre pelo ralo de uma burocracia criada como se o Estado fosse um fim em si mesmo, resultado de um inchaço de décadas na máquina pública, realizado em cumplicidade entre Executivo e Legislativo. 1b1ns

Uma dívida pública que chegue a 80% do PIB é um fator muito perigoso para uma economia emergente – as economias desenvolvidas cuja dívida supera o próprio PIB não servem de comparação, pois normalmente oferecem juros muito mais baixos e conseguem rolar tranquilamente suas dívidas. A continuação do ajuste fiscal é imprescindível para que o Brasil supere a fase da gastança e entre na era da responsabilidade que atrairá investimentos e aumentará a confiança do empresariado.