Não bastassem o mensalão e as manipulações contábeis das contas públicas e das estatais, o governo Lula terminou seu segundo mandato deixando um rombo financeiro derivado de autorização para elevar gastos públicos que se tornaram permanentes, como aumentos salariais do funcionalismo, inchaço da máquina e expansão da burocracia estatal. Quando Dilma assumiu, ela sofreu um desgaste rápido por suas promessas eleitorais e pela herança deixada por seu padrinho Lula sobre as contas públicas – herança essa que ela, em vez de combater, intensificou, já que foi em seu governo que a “nova matriz econômica” ganhou força total. Curiosamente, Dilma foi deposta pelo Congresso Nacional devido às chamadas “pedaladas fiscais”, um tipo de malfeito que ela aprendeu com seu padrinho e antecessor. 6t365w

Vale recordar que Lula, em seu último ano, já com o enigmático Guido Mantega no Ministério da Fazenda, vinha fazendo malabarismos condenáveis com os números e os procedimentos contábeis sobre o superávit primário, e as notícias da época eram de que o governo vinha adulterando o conceito de superávit primário desde o começo do mandato. Exemplo divulgado sobre essa prática foi que, em 2005, o governo havia excluído da conta de gastos alguns investimentos do Projeto Piloto de Investimentos (PPI); repetiu a dose em 2008, novamente tirando alguns investimentos e gastos do cálculo do superávit; e, em 2009, usou o artifício pelo qual o Tesouro Nacional emprestava dinheiro ao BNDES para que o banco adquirisse créditos a receber do Tesouro e lançasse o valor como receita primária desse mesmo Tesouro. Essas jogadas se tornaram rotineiras, como a exclusão, para fins do cálculo do superávit, de R$ 32 bilhões gastos pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e a capitalização em R$ 31,9 bilhões da Petrobras em uma manobra para aumentar o superávit.

Ainda pairam muitas dúvidas sobre o que Lula vai fazer, neste terceiro mandato, em termos de política econômica, equilíbrio fiscal, inflação, transparência contábil e ética com o dinheiro público. O histórico aqui relatado sobre os erros de suas gestões anteriores tem a função de mostrar o currículo istrativo do presidente eleito e deve servir para a sociedade ficar vigilante e exigir que o próximo quadriênio não seja apenas uma repetição das práticas nefastas que marcaram sua gestão anterior na presidência da República.