O povo brasileiro está diante de um chamamento histórico, no momento que a humanidade explode em inovações e tecnologias revolucionárias, mas também apresenta sérios problemas ambientais e conflitos humanitários, como o terrorismo e as tensões migratórias. Apesar dos problemas, em nenhum outro momento da história a humanidade contou com tantas possibilidades oferecidas pela ciência e pela tecnologia para a superação, mesmo nas regiões mais pobres do planeta, das causas do atraso e da miséria. A nação brasileira dispõe dos fatores necessários ao crescimento econômico, ao desenvolvimento social e, sobretudo, para deixar no ado o espetáculo de crianças e famílias inteiras vivendo em condições precárias, em alguns casos até mesmo sub-humanas.

É consenso mundial que o desenvolvimento e a superação do atraso exigem instituições de qualidade e padrão educacional elevado. O desafio maior é como atingir, em algumas décadas, elevado progresso das instituições e novo padrão de educação para todos. Oito décadas podem parecer uma eternidade; entretanto, esses 80 anos, em termos históricos, constituem um tempo relativamente curto quando se trata de superar precariedades estruturais, como é o mau funcionamento das instituições viciadas e o baixo nível educacional médio. Em teoria, parece possível levar a população a enfrentar com sucesso seu desafio histórico, a depender de lideranças políticas, empresariais e sociais. Disposição para grandes reformas, aceitação de sacrifícios e dedicação ao trabalho duro e longo capaz de consertar equívocos e criar as bases para o desenvolvimento econômico e social são aspectos da ação coletiva que dependem das lideranças nacionais nos vários setores da vida.

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As dificuldades do Brasil começam quando se constata que os líderes das grandes instituições nacionais e os líderes políticos nos maiores postos nas três esferas federativas parecem incapazes de se elevar acima dos interesses políticos e do apego a cargos, títulos e benesses. Mesmo em instituições privadas há líderes incapazes de sacrifícios, movidos por interesses pessoais acima dos interesses coletivos, longe das atitudes próprias dos grandes homens e mulheres que foram decisivos em momentos difíceis e em crises graves. Lamentável será se o sofrimento humano e social derivado da pandemia nada acrescentar de melhor aos líderes políticos, empresariais e sociais, públicos e privados, tão logo a crise seja minorada. Quem não se aperfeiçoa após um grande sofrimento está condenado a repetir as mesmas dores e as mesmas consequências diante de novas crises, que sempre ocorrerão.

O auxílio emergencial de R$ 600 por pessoa que o governo federal pagou a 65,3 milhões de beneficiários, conforme os cadastros sociais em poder da Caixa Econômica Federal, revelou que o Brasil tem uma legião de miseráveis (13 milhões), um grande país de pobres (outros 54 milhões) e, subindo um pouco a régua que mede o padrão de vida, mais 20 milhões igualmente pobres. Portanto, se o país não voltar a crescer, em pouco anos a nação de pobres chegará facilmente aos 100 milhões de pessoas. Se usadas outras variáveis do atraso econômico – como a infraestrutura física e a social, carentes de expansão e modernização –, os desafios são enormes, e precisam ser enfrentados com pertinácia a partir do ano que vem, quando talvez a vida econômica tenha voltado ao normal, com o peso adicional de quase 20 milhões de desempregados numa população de 106 milhões em condições de trabalhar. Este é um ano de eleições municipais, uma oportunidade para melhorar o padrão dos líderes políticos.

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