A escalada da violência no Peru é um triste exemplo do que ocorre quando a política acaba nas mãos de quem tem pouco escrúpulo em adotar qualquer estratégia para tentar manter-se no poder. Antes mesmo de ser eleito, em uma vitória apertada contra a candidata da direita Keiko Fujimori com 50,1% dos votos contra 49,8%, Castillo já dava mostras de estar pouco disposto a respeitar a Constituição e as instituições.

Durante a campanha, ele afirmou que se o Legislativo não endossasse seu programa de governo, fecharia o Congresso mais cedo ou mais tarde. E pouco tempo depois de ser preso, Castillo, em vez de tentar pacificar seus apoiadores, os inflamou ainda mais, alegando ter sido “sequestrado” e chamando Dina Boluarte de “usurpadora”.  E, claro, como é praxe entre políticos de esquerda, culpou a “direita golpista”. Mas não tentou explicar as inúmeras acusações de corrupção que levaram ao seu impeachment.

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É preciso enfatizar que o processo de impeachment transcorreu de acordo com a legalidade. A tentativa de golpe de Castillo foi devidamente abortada pelo Congresso, que não se intimidou em cumprir seu dever, usando os mecanismos previstos na Constituição peruana. Do mesmo modo, a prisão do ex-presidente aconteceu de acordo a legislação vigente. Isso faz de Dina Boluarte a presidente legítima do Peru, mesmo tendo de enfrentar a oposição de parte da população peruana, que, infelizmente, ainda não compreende a gravidade da situação e opta por endossar um golpista.

O Peru a por um momento delicado, mas toda e qualquer solução para a crise deve ser pautada pelo respeito integral à ordem institucional. A mera repressão aos manifestantes não é a saída, da mesma forma que o aumento dos atos de vandalismo não vai trazer ao país a paz e a ordem de que tanto necessita neste momento. Oxalá se encontrem mecanismos dentro das próprias instituições peruanas para que o país possa superar mais esse negro capítulo envolvendo políticos corruptos e pouco afeitos à democracia.