Gazeta do Povo defende que o Estado pode fazer escolhas que induzam o desenvolvimento de determinados setores econômicos ou regiões geográficas, e a tributação é uma dessas formas de incentivo. O problema surge quando ganha não quem realmente merece, mas apenas quem sabe gritar mais alto, com o lobby dos setores mais organizados sobrepondo-se às reais necessidades de uma localidade ou atividade que tem menos condições de se articular para fazer pressão. Neste sentido, Haddad tem razão ao dizer que “tem de calibrar bem as exceções, para que elas estejam bem justificadas”. O ministro ainda ressaltou outro ponto-chave: uma transição bem feita, sem atropelos, será tão fundamental quanto a definição das exceções à alíquota padrão para que se avalie o peso final do novo imposto sobre o contribuinte. 21gb

O estudo do Ipea, portanto, é um ponto de partida bem-vindo para que o reinício das discussões. O princípio norteador da reforma, a simplificação do sistema tributário, é positivo e já está definido; ter uma ideia melhor de como esse princípio será concretizado ajudará os senadores – e os deputados, caso mudanças no Senado façam o texto retornar à Câmara – a calibrar bem as regras. É interessante verificar que, mesmo com a alíquota mais alta, a reforma tem o potencial de elevar o PIB em comparação com o que ocorreria se o atual sistema fosse mantido; esse crescimento adicional, no entanto, seria ainda maior com alíquotas de IVA menores, aponta o estudo do Ipea. Que os parlamentares aproveitem bem as informações que estão recebendo para que, ao fim, a reforma tributária reflita realmente um projeto de país, e não o resultado de uma competição de lobbies.