Podemos resumir em poucas palavras a sequência de erros que faz o crime compensar no Brasil: quando há o crime, nem sempre a polícia o investiga; quando investiga o crime, nem sempre o soluciona; quando o soluciona, nem sempre o culpado é preso; quando é preso, nem sempre ele é julgado pela Justiça; quando o culpado se torna réu, nem sempre é condenado; e, por fim, quando é condenado, o bandido nem sempre cumpre a totalidade da pena: fica pouco tempo na cadeia – isso quando não ordena novos crimes de dentro da própria unidade prisional. Se o poder público deseja realmente proporcionar segurança pública de qualidade para todos, mulheres e homens, precisa atacar em todas essas frentes, com profunda cooperação entre os três poderes e os governos federal e estaduais. d2u1p

Em vez disso, no entanto, o lançamento do Pronasci dá uma boa ideia do que será a política de segurança pública do governo Lula, com a predominância do identitarismo e do discurso segundo o qual “o Brasil prende muito e prende mal”, sem falar da volta da inversão completa de valores que trata o bandido como vítima – palavra, aliás, que o presidente usou ao se referir a um “jovem de 18, 19 anos” que “vai sair da cadeia pior do que ele entrou (...) porque ele entrou um inocente, ou seja, uma vítima de um delito que muitas vezes não tinha clareza do porquê estava cometendo aquilo”. Nesta toada, serão necessários muitos governadores e parlamentares mais preocupados com a vida real que com ideologia para que o brasileiro possa viver com mais segurança e menos medo.