A cobertura jornalística do tema é necessária para a mobilização da opinião pública, que na avaliação dos deputados é essencial para a aprovação da PEC. Neste caso, entretanto, eles precisarão modular bem suas expectativas. Por mais extraordinário que fosse ver o povo na rua em defesa da prisão após condenação em segunda instância, é muito improvável que isso ocorra. Com a aproximação do período eleitoral, a tendência é de que manifestações girem cada vez mais em torno de pessoas (a favor ou contra elas), e não tanto de ideias ou plataformas – basta ver como a prisão em segunda instância não é pauta nem da manifestação a favor do governo, marcada para este dia 7 de setembro, nem para os atos do dia 12, convocados pelo centro e pela direita não bolsonarista. 1l7c
Isso não significa, no entanto, que falte apoio popular à proposta. Em diversas outras ocasiões o brasileiro demonstrou, inclusive nas ruas, estar do lado da Operação Lava Jato, do combate à corrupção e da prisão após condenação em segunda instância, e nada indica que esse apoio tenha arrefecido, especialmente depois de decisões recentes do Supremo que promoveram a impunidade. Compreende-se a estratégia dos deputados defensores da proposta, mas este é um caso em que o ótimo é inimigo do bom. Sempre haverá outros projetos competindo por atenção; cabe a todos os interessados no bom combate à corrupção – no parlamento, na imprensa e na sociedade civil organizada – trabalhar duro para dar à PEC a relevância que ela merece.