A página inicial de meu último livro, publicado no ano ado diz: “Pequenos tremores de terra ocorrem pelo Brasil com certa frequência, indicando padrão sísmico sereno, porém mutável. Neste cenário, um raro, fortuito e até desastroso terremoto é possível de acontecer”. Tais palavras não são vazias, pois já registramos sismos com magnitudes da ordem de 6 e estudos históricos apontaram eventos bem maiores, todos com potencial para fazer estragos consideráveis e muitas vítimas se ocorressem em zonas densamente povoadas. Relembro que em 1986 a pequena cidade de João Câmara (RN), viu-se atacada por uma longa série de sismos de magnitudes não tão grandes, resultando 26 mil desabrigados e mais de 4 mil construções danificadas. 452d6y

Com o avanço da tecnologia da informação, as facilidades de comunicação, os conhecimentos de engenharia e de geologia e os recursos financeiros, mesmo ditos escassos, é surpreendente defrontarmos com as dimensões da catástrofe que aflorou no sul do país. Poderia ter sido menos impactante? O alcance da prevenção deixou a desejar?

Dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) merecem a reflexão de todos nós: cada dólar investido na redução e prevenção de riscos pode poupar até 15 dólares na recuperação pós-desastre. Em qual fase você acredita ser melhor aplicar o dinheiro do contribuinte? Sob qualquer circunstância, reduzir o impacto do desastre e preservar vidas deve ser o objetivo maior.

Alberto Veloso, professor aposentado da UnB, foi o criador do Observatório Sismológico da instituição. É autor de livros de sismologia e divulga esta ciência no canal Youtube Terremoto Veloso.