Vejamos: Cristo cumpriu a lei, segundo o apóstolo Paulo escreveu aos Gálatas. Cristo foi o único homem a conseguir, de modo perfeito, o cumprimento de todos os preceitos legais devidos à humanidade. E Ele sofreu a morte, e morte de Cruz, que equivalia à máxima vergonha à época.
Cristo assumiu uma postura contrária aos falsos religiosos, como os Fariseus, que detinham uma religiosidade espalhafatosa, focada mais na aparência; e dos Saduceus, que controlavam o Sinédrio – uma espécie de STF dos judeus da época. Ele prevaleceu sobremaneira contra os déspotas de plantão e os falsos profetas, com uma postura pacífica, benevolente e verdadeira.
No caso da eleição presidencial, dificilmente o resultado do pleito sairá do eixo polarizado entre o atual mandatário, Jair Messias Bolsonaro, e o ex-presidente, Luís Inácio Lula da Silva. A terceira via deverá instar a um voto útil no segundo turno do pleito, quando não já no primeiro para muitos de seus eleitores.
E, ao pensarmos nos dois candidatos ascendentes nas pesquisas dos institutos de opinião, temos como uma das opções o ex-presidente. Ora, Lula já defendeu, em vários discursos, e sem o consentimento do pleno de seu partido e asseclas, o aborto como sendo questão de saúde pública. Fico imaginando o como isso seria gritante aos ouvidos de Jesus. Como defender a perda de uma vida poderia ser útil ao Evangelho das boas-novas para quem deu a vida por seus amigos?
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Neste diapasão, pautas comportamentais diversas são a grande dificuldade para que Lula obtenha a aceitação dos cristãos mais fervorosos e espirituais. Defender a descriminalização de drogas, para citar um só exemplo, contraria muitos dos preceitos cristãos, que defendem o devido cuidado com a vida, com o corpo e a alma.
Por esses e tantos motivos, Cristo não votaria em Lula. Mas, calma! Acredito que em Bolsonaro também Cristo não votaria.
Jair Bolsonaro não evoca a representação do Messias, mesmo que esteja próximo a líderes que pregam uma religiosidade quase supersticiosa, por vezes distante de uma verdadeira espiritualidade. Na prática de seu governo, muita heresia foi plantada, como a não observação do direito das minorias, o descaso para com a educação. Temos a questão da violência crescente em números avassaladores no país inteiro e o infortúnio de se conviver com a disseminação de mentiras – como as sobre as urnas eletrônicas e contra as instituições democráticas. Ademais, a insígnia de Cristo sempre foi a do sofrimento que traria a Glória Eterna, ou seja, o símbolo da Cruz. É, neste caso, no mínimo estranho afirmar que um candidato que lança “arminhas” com as mãos, até mesmo na presença de crianças, seja considerado o “representante de Cristo” nas eleições.
O voto é uma escolha individual, e cada um pode optar pelo candidato que desejar. Mas é preciso não se deixar iludir com candidatos e discursos que apregoam estar representando a própria cristandade. Se pensarmos assim, deixar de votar em quem os líderes religiosos mandam não é rebeldia, mas direito que encontra salvaguarda no próprio dono do Reino celestial, a saber, Cristo Jesus.
Cristo não se mostra somente por palavras, mas, especialmente, por atitudes, por uma vida de altruísmo e entrega. É de Tiago, epístola do Novo Testamento, que encontramos um epílogo humano e divino ao mesmo tempo que pode nos orientar: “Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta!” (Tiago 2:17)
Edgar Talevi de Oliveira é licenciado em Letras, pós-graduado em Linguística, Neuropedagogia e Educação Especial, e bacharel e mestre em Teologia.