Hoje, a tecnologia consegue alcançar mais metas de inovação com os mecanismos atuais do que no ado, e os impactos são bastante significativos na sociedade. De certa forma, é natural o choque cultural em determinadas áreas profissionais. A solução ainda é ser resiliente para aceitar e se adaptar para extrair o melhor que a tecnologia proporciona naquela situação.

Afinal, a IA ameaça a humanidade a ponto de exterminá-la e assumir o controle do planeta? Acho isso muito improvável de acontecer. O estudo intitulado o jogo da imitação, de Allan Turing, demonstra que o caminho evolutivo da IA não é se tornar um ser humano idêntico na forma de pensar e agir (um substituto com consciência), mas aprender a inferir como máquina, dentro das suas limitações, e tomar decisões conforme as regras preestabelecidas com modelos de probabilidades.

No Japão, o Fugaku, por exemplo, é o computador mais potente hoje e tem a ambição de resolver todos os problemas do mundo. Porém, ainda é necessário que sejam inseridas informações para armazenar em banco de dados e, com o algoritmo de probabilidade, deduzir e criar previsões para algum tipo de problema.

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Um outro exemplo são os humanoides, aqueles que demonstram emoções. Embora existam algoritmos de IA que conseguem imitar expressões como alegria, medo ou surpresa, ainda é bastante diferente da capacidade de pensar como em um ser humano, pois a percepção humana está além da compreensão mundana. É a partir do “olho no olho”, por exemplo, que você consegue “ler o pensamento” da outra pessoa ou sentir que algo bom ou ruim poderá acontecer naquele momento. Algo, ainda, inexplicável para a ciência.

Por isso, a IA generativa busca, com modelos de redes neurais artificiais, aplicar o aprendizado de máquina a partir de uma base de dados consistente, tipo o ChatGPT ou DALL-E, mesmo assim não são ameaças ao ser humano. Cientistas e cineastas tentam nos mostrar o lado fascinante da IA com os seus desafios e oportunidades. Eu prefiro que a IA seja um instrumento capaz de apoiar o ser humano nas tomadas de decisões, deixando de lado as cognições neurais e emotivas para as pessoas. Cabe a elas aprenderem a entender os seus próprios sentimentos.

Rodrigo Cardoso Silva é professor doutor da Faculdade de Computação e Informática (FCI) na Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), assessor Especialista no NIC.br e CGI.br, Doutor em Ciência da Computação e Mestre em Direito Internacional e Membro da Internet Society Capítulo Brasil e da Associação Brasileira de Estudos de Defesa.