Na área da Psicologia Social, é possível notar com clareza como essas posturas ou a ausência delas impactam de modo expressivo, positiva ou negativamente, as conexões de um indivíduo com os seus grupos de interação. O mais importante no caso é saber que as pessoas podem mudar seu comportamento no âmbito familiar, profissional e social, não apenas num esforço subjetivo, como também por meio de ajuda profissional. A ciência contribui para isso, por meio de apoio psicológico. A religião também ajuda muito, nutrindo os corações com a bênção da boa vontade.
A gratidão é particularmente relevante para o florescimento do dom do perdão, decisivo para a boa convivência. Ao percebermos e valorizarmos o que recebemos de bom diariamente nas nossas interações, torna-se muito mais fácil relevar eventuais ofensas e atos que nos contrariam. Se analisarmos com um pouco mais de atenção nossas rotinas diárias, desde as soluções de questões familiares e profissionais, ando pelas discordâncias políticas, até eventuais situações de conflitos no trânsito, concluiremos, sem dúvidas, ser impossível viver em sociedade sem exercitar diariamente o perdão.
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Não era sem razão que Martinho Lutero, precursor da Reforma Protestante no Século XVI, afirmava que “a graça (grifo meu, para enfatizar o valor semântico do termo na frase como sinônimo de gratidão) é uma qualidade que dá ao homem a força de executar as exigências da lei”. Numa visão menos pragmática e mais espiritual, também deixou claro que a única recompensa plausível pelo perdão, de Deus e das pessoas, é a gratidão, imaterial, mas soberana como preceito cristão. Esta, aliás, é uma das fortes bases filosóficas e doutrinárias que inspiraram suas convicções e moveram sua vivência religiosa.
Com fé espiritual e crença na capacidade humana de melhoria dos nossos processos interativos, por meio da introjeção holística da gratidão em nosso universo cognitivo, teremos mais empatia com as pessoas e os distintos grupos sociais nos quais convivemos. Ah, não nos esqueçamos de agradecer cada o que dermos nesse movimento permanente de aprimoramento pessoal. E muito obrigado, caros leitores, pela atenção a este artigo!
Robinson Grangeiro Monteiro é chanceler do Instituto Presbiteriano Mackenzie, mestre em Psicologia Social, doutor em Educação, Arte e História da Cultura e em Ministério pelo Reformed Theological Seminary (USA).