O grande temor do “mercado” reside no impacto da elevação da dívida no comportamento dos juros. Dentro do orçamento executado pelo governo federal em 2021, metade foi destinada ao pagamento de juros e amortizações. Essa preocupação é justa. Na prática, quanto maior o “furo no teto” maior a dívida e, no futuro, ainda maior a despesa com juros. Além disso, quanto maior o grau de endividamento maior ainda os juros cobrados, tornando ainda mais complexa a rolagem dos débitos já contraídos. 2z3l15
Esse aumento do endividamento impacta a gestão intertemporal do orçamento público, ao gastarmos mais hoje podemos comprometer o gasto de amanhã. Não existe almoço grátis. A Lei de Responsabilidade Fiscal e o Teto de Gastos foram criados pelo viés de endividamento do setor público, não como medidas para penalizar a parcela mais pobre da população. Nesse sentido, a reorganização das receitas frente ao ajuste da despesa se mostra imperativo para a liberação de recursos, como os requeridos para a manutenção do Bolsa Família.
Guilherme Marques Moura, doutor em Desenvolvimento Econômico, é professor da Escola de Negócios da Universidade Positivo (UP).