O prazo de validade começa a contar a partir do momento em que o alimento é preparado ou fabricado – e deve ser informado no rótulo dos produtos embalados. Esse prazo de validade corresponde ao período estudado pelo fabricante em que o alimento, sob as condições ideais de armazenamento, é viável para o consumo, ou seja, não apresenta alterações nutricionais nem favorece o desenvolvimento de microrganismos, não havendo risco de doenças. Apesar de o prazo de validade ser um indicativo importante para verificar a qualidade do alimento, alguns produtos alimentícios (geralmente os não perecíveis) poderiam ser consumidos mesmo fora do prazo, isso devido ao fato de suas condições de armazenamento não serem tão exigentes e por tolerarem grandes variações de temperatura, desde que não existam alterações na sua cor, cheiro, textura ou sabor. É importante salientar, também, que as suas embalagens estejam seladas e armazenadas de acordo com as indicações dadas pelo fabricante.

No Brasil, o modelo empregado para garantir a qualidade dos alimentos é o da data de validade. Assim, é estudado um período para cada produto (por meio de diversos parâmetros) e desaconselha-se o consumo depois desse prazo. No entanto, existe outro modelo, denominado best before (“consumir preferencialmente antes de”). Nele, o produto pode perder frescor ou nutrientes após certa data, mas ainda pode ser seguro para uso.

Outra pauta discutida foi a das sobras de comida em restaurantes. O ministro da Economia, Paulo Guedes, relatou, durante o fórum, que “todos os alimentos que não são consumidos durante o dia no restaurante poderiam alimentar pessoas fragilizadas, mendigos, pessoas desamparadas. É muito melhor do que deixar estragar”. Antes da pandemia, essa prática era proibida em função da responsabilidade que seria atribuída à instituição que fez a doação sobre a qualidade higiênico-sanitária dos alimentos. Porém, uma lei sancionada no ano ado permite que empresas e instituições doem a comida que sobra, mas não a que vence. Dessa forma, tudo o que a do prazo de validade no país precisa ser jogado fora, aumentando, assim, o desperdício.

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O governo federal está criando um grupo de trabalho para avaliar a flexibilização da regra que trata da validade de alimentos no Brasil, e que será responsável por discutir a hipótese de permitir vendas de baixo custo e doações de alimentos que não estiverem mais dentro do prazo de consumo indicado pelo fabricante. Essas ações, sendo bem fiscalizadas e monitoradas, visam à redução do desperdício de alimentos no Brasil, um problema de cunho social que coloca o nosso país no ranking dos que mais desperdiçam alimentos no mundo. Deste modo, se a regra for aprovada, surge uma possibilidade viável de reduzir o desperdício e diminuir a fome de quem está em vulnerabilidade social.

Mariana Etchepare, doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos, é professora do curso de Nutrição da Universidade Positivo.

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