O cientificismo é uma errônea concepção filosófica positivista, sendo caracterizado como uma forma de racionalismo que extrapola os limites da cientificidade, ao adotar uma postura ideológica, que, dogmaticamente, acredita ser a ciência a única forma válida de conhecimento, em detrimento de saberes de outras naturezas. Dentre os pensadores que criticaram os erros do cientificismo destacamos os filósofos da ciência Karl Popper (1902-1994), Mario Bunge (1919-2020), Paul Feyerabend (1924-1994) e Hilary Putnam (1926-2016), os economistas Ludwig von Mises (1881-1973) e Friedrich August von Hayek (1899-1992), e os filósofos políticos Eric Voegelin (1901-1985) e Michael Oakeshott (1901-1990).

De certo modo, o cientificismo é a raiz de muitos erros propagados por diferentes economistas nos séculos 19 e 20, que serviram como justificativa teórica para a implementação de diversas formas de intervencionismo estatal. A mentalidade positivista pera as análises de Karl Marx (1818-1883), de John Maynard Keynes (1883-1946) e até mesmo de Milton Friedman (1912-2006), dentre tantos outros economistas. Em última instância, o que diferencia a chamada Escola Austríaca de Economia das demais correntes econômicas contemporâneas são as divergências metodológicas.

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No seu monumental tratado Ação Humana, de 1949, o economista austríaco Ludwig von Mises defendeu que “muitos autores tentaram negar a importância e a utilidade da teoria econômica”. O eminente pensador liberal argumentou que “o historicismo pretendia substituí-la por história econômica; o positivismo recomendava substituí-la por uma ilusória ciência social que deveria adotar a estrutura lógica e a configuração da mecânica newtoniana”. De acordo com Mises, “ambas as escolas concordavam numa rejeição radical de todas as conquistas do pensamento econômico”. Ancorados na crença ingênua acerca da possibilidade da descoberta de leis empíricas dos fenômenos sociais semelhantes às leis da física newtoniana, o cientificismo acaba por confundir os modelos teóricos explicativos com a própria realidade, sendo que, no caso específico da Economia, torna-se pretexto para a rejeição das verdadeiras leis econômicas.

Nas obras Princípios de Economia Política, de 1871, e Investigações sobre o Método das Ciências Sociais com Especial referência à Economia Política, de 1883, escritas por Carl Menger (1840-1921), o fundador da Escola Austríaca de Economia, são encontradas inúmeras críticas às tentativas positivistas de desenvolver novas leis econômicas fundadas em estatísticas. Uma parcela significativa das análises elaboradas pelos críticos da economia de livre mercado é derivada de premissas cientificistas, que utilizam a acumulação de fatos irrelevantes, oferecidos por estatísticas duvidosas, como justificativa para diversas formas de intervencionismo governamental. Todavia, apenas a livre iniciativa é compatível com as verdadeiras leis econômicas.

Alex Catharino é historiador e pesquisador da Fundação da Liberdade Econômica.

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