Como superara sede, a fome, o desabrigo, as doenças, o cansaço, o desespero, a dor que fere fundo por perceber a destruição quase irrecuperável de sua cidade querida e brasileiramente nossa? Que os gaúchos e gaúchas arrastem força e resistência do fundo do âmago da própria história de luta farroupilha, de vitórias e de grandes campanhas cívicas, dos facões que tilintam em suas danças folclóricas que tanto nos orgulham e saiam vencedores dessa tormenta, apesar dos rasgos incontáveis e profundos que restarão cravados na alma. 6b356t

Diante do cenário desse desastre anunciado há muitos anos, foi que me debrucei sobre a minha saudade da mãe querida – imensa e grave saudade -, aquela que me ocupa desde há muito e ao mesmo tempo alimenta a minha esperança de continuar seguindo pelos caminhos para os quais fui orientado, honrando a memória de meu pai e minha mãe; diante desse cenário, ei a dirigir minhas preces de Amor também para as mães e os filhos e filhas do Rio Grande do Sul, confiando que hão de se manter fortes, vigorosos e vigorosas no amor que nutrem, uns pelos outros, e com este Bem incomensurável aplacar o sofrimento, conseguir forças para se manterem rijos nos dias e noites que precisam atravessar mantendo aluta hercúlea do salvamento a que se dedicam.

Nós outros, brasileiros da vizinhança do Oiapoque, das florestas densas e das águas muitas que são o extremo do Brasil choramos as mesmas lágrimas dos gaúchos e a eles nos unimos em abraço de solidariedade, sentindo a mesma dor que dilacera os seus corações.

Robério Braga é advogado, ex-secretário de Cultura do Amazonas, e membro da Academia Amazonense de Letras (AAL).