Ser negro no Brasil é uma luta permanente pela sobrevivência, contra o homicídio, o genocídio e a negação da sua cultura, dos seus direitos de ser você. É uma luta permanente pela sobrevivência por causa do racismo estrutural e também institucional. Quando você faz parte de uma minoria, não tem um dia que se e sem sofrer uma violência. Toda vez que essa ferida está perto de cicatrizar, algum novo episódio acontece e a abre novamente. Ser negro no Brasil é lutar, todos os dias, porque o racismo está presente em todos os espaços da sociedade.
É importante celebrar o Dia Nacional da Consciência Negra porque essa data marca a luta e a resistência contra o racismo estrutural que persiste na sociedade brasileira. E o Novembro Negro celebra a luta da população negra representada por Zumbi dos Palmares, Dandara, Nelson Mandela e outros tantos negros e negras que lutaram pela vida dessa população que é a mais prejudicada, principalmente nesse momento de desmonte da proteção social, desmonte dos direitos conquistados com luta, sangue e também com esperança.
VEJA TAMBÉM:
A data serve para marcar espaço, para dizer que o povo negro está vivo e continuará vivo na luta por reconhecimento, moradia, saúde, educação, na luta por esses direitos com qualidade, e também que o povo negro continuará lutando para ocupar os espaços de poder. É um dia para tomarmos consciência dessa realidade desigual, violenta, racista e tantas outras discriminações que violentam principalmente as minorias.
Somos um país racista para 60% das pessoas e 51% delas já presenciaram atos de racismo de acordo com a pesquisa Percepções sobre o racismo no Brasil, que percorreu 127 municípios de Norte a Sul no primeiro semestre deste ano. O resultado foi publicado em julho pela Agência Brasil. Segundo os participantes do estudo, o racismo surge, principalmente, por meio da violência verbal, como xingamentos e ofensas (66%). Outras manifestações são o tratamento desigual (42%) e a violência física, como agressões (39%). Por isso e muito mais, o Dia da Consciência Negra é Dia de Luta.
José Cristiano Bento dos Santos é professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUR) Câmpus Londrina, na área de Direitos Humanos. É também participante da Pastoral Afro-Brasileira do Paraná e da Arquidiocese de Londrina. Coordenador e Professor da Escola de Doutrina Social da Igreja - Arquidiocese de Londrina.