Esse cenário traz uma oportunidade ímpar para o Brasil – que tem a sexta maior população do mundo, mão de obra barata, território extenso, abundantes recursos naturais e grande potencial de geração energia limpa. Além disso, é próximo dos Estados Unidos e da Europa Ocidental, e bastante alinhado com a política ocidental. Desta forma, somos fortes candidatos a receber parte da demanda hoje atendida pela China, o que pode trazer uma onda de investimentos estrangeiros e impulsionar nosso desenvolvimento econômico. 3m93p
Não é todo dia que vemos o Brasil saindo de uma crise macroeconômica antes dos países desenvolvidos e em uma posição extremamente favorável para colher frutos de uma tendência de migração de cadeias produtivas importantes. É uma oportunidade que não deveríamos deixar ar. Para isso, precisamos de um governo sério e responsável, que busque facilitar o desenvolvimento de negócios no país e se mantenha consciente de que financiar medidas populistas com irresponsabilidade fiscal é uma estratégia que cobra seu preço logo adiante.
O maior risco que enxergamos é que a eleição de Lula acabe com o teto de gastos e volte às políticas de intervenções econômicas, conforme defendeu durante sua campanha, mas acreditamos que a configuração do novo Congresso Nacional e as alianças criadas para vencer a eleição sejam freios para políticas nesta direção e façam com que Lula adote uma postura mais voltada ao centro. No lado positivo, o novo presidente tem uma boa imagem internacional, principalmente entre países europeus, o que favorece o sucesso da agenda diplomática necessária para atrairmos investimentos estrangeiros e estabelecermos novos acordos de comércio internacional. Mesmo com uma eleição apertada, Lula está especialmente bem posicionado para alavancar o discurso de que o Brasil tem uma economia limpa, em linha com suas bandeiras de campanha.
Nos próximos anos, veremos se nosso país aproveitará essa oportunidade ou se ela entrará para a lista de chances desperdiçadas de nossa história.
Ivan Barboza é sócio-gestor do Ártica Asset Management.