Essa estratégia subjetiva e pouco transparente coloca em risco a estabilidade econômica do Brasil. A redução imediata dos preços dos combustíveis pode parecer positiva para os consumidores, especialmente quando o petróleo e o dólar estão em queda. No entanto, quando enfrentarmos um período de alta, quem arcará com os custos do combustível barato? A Venezuela é um exemplo claro de como a utilização de uma empresa petrolífera para fins políticos pode resultar em fracasso. A interferência governamental na gestão da PDVSA levou ao colapso da indústria petrolífera do país e à escassez de combustíveis, causando sérios danos à economia e à população.
É importante lembrar que o Brasil é um país importador líquido de combustíveis, dependendo de cerca de 25% de sua demanda interna de diesel de importações. Portanto, a paridade de importação internacional é essencial para garantir um suprimento adequado e evitar problemas de escassez.
A liberdade de preços é fundamental para o funcionamento saudável de qualquer indústria, e isso inclui o setor de combustíveis. Ao permitir que as forças do mercado determinem os preços, as empresas têm a flexibilidade necessária para se adaptarem às variações internacionais e às condições locais. Essa liberdade de preços também encoraja a competição e a eficiência, beneficiando os consumidores.
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Diante desse contexto, é fundamental que a Petrobras seja gerida de forma técnica, transparente e alheia a interesses políticos. A empresa deve pautar suas decisões com base no mercado e na busca pelo equilíbrio financeiro, promovendo uma gestão responsável que não comprometa a estabilidade econômica do país. A nova estratégia comercial anunciada pela companhia, baseada em critérios subjetivos e sem divulgação de uma fórmula específica, abre espaço para interferências políticas e decisões tomadas com base em interesses partidários, o que preocupa.
Essa falta de transparência e objetividade na definição dos preços pode gerar distorções no mercado, afastar investidores e prejudicar a confiança dos consumidores. Além disso, ao desconsiderar as variações internacionais de preços, a Petrobras corre o risco de repetir os erros do ado, comprometendo sua capacidade de investir em infraestrutura, modernização e pesquisa. A história da Petrobras demonstra que a politização da empresa pode levar a consequências desastrosas. É essencial aprender com os erros do ado e assegurar que a estatal seja protegida de ingerências políticas, garantindo sua eficiência e contribuição para o desenvolvimento do Brasil.
Murillo Torelli é professor de contabilidade financeira e tributária no Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).