Um robô de quatro “patas” apelidado de “Ovo Preservado”, em referência ao prato da culinária chinesa, eia pelas ruas dos bairros de Xangai com um megafone atado à sua estrutura, veiculando conselhos como “use máscara”, “verifique sua temperatura” e “lave as mãos”. O cão-robô chegou a entrar nos prédios de apartamentos nas ocasiões em que foram realizadas testagens noturnas em massa, convocando os moradores para a coleta de amostras. 424b71
Wang Yushuo, o operador do robô, falou ao jornal Financial Times e afirmou que “Ovo Preservado” faz de três a quatro “eios” diários, dependendo da duração da bateria. Mas o cão-robô não é o único equipamento usado pelo governo chinês para manter os moradores de Xangai em casa. Além das habituais câmeras que já monitoram normalmente os cidadãos, drones têm sido usados para fiscalizar o cumprimento do lockdown e advertir a população.
O lockdown foi adotado sem aviso prévio, e a maioria dos moradores de Xangai não teve como se preparar estocando comida e outros itens de primeira necessidade. A maioria dos mercados está fechada, forçando o uso de aplicativos de entrega – como os poucos suprimentos acabam rapidamente assim que são repostos, chineses com habilidade em programação chegaram a desenvolver códigos caseiros para monitorar estoques e fazer as compras assim que os alimentos aparecem nas lojas. Um deles disse que, em 15 dias de lockdown, tudo o que recebeu do governo municipal foi uma sacola com sete batatas, sete cebolas, quatro tomates, um repolho, três rabanetes e um pedaço de carne, tudo para seis pessoas.
Protestos contra a falta de alimentos já ocorreram em partes da cidade; durante um deles, no bairro de Jiuting, um drone da polícia sobrevoou os manifestantes: “Não causem problemas ou se aglomerem ilegalmente, ou serão legalmente responsabilizados”, dizia a máquina, segundo o relato de um morador da área ao Financial Times. Outro morador da cidade ouvido pelo jornal ou a manter as cortinas fechadas depois de ver um drone voando perto do prédio onde mora. Habitantes de Xangai contaram ao jornal Washington Post que muitos questionam a severidade das medidas, já que a maioria dos casos não é grave, e que vários moradores têm mais medo de serem enviados a hospitais de campanha ou centros de quarentena improvisados que do vírus em si.