A reportagem foi produzida para o site The Free Press e teve seus principais tópicos compartilhados por Zweig no próprio Twitter. 5m64j
Segundo o jornalista, ainda em 2020, no início da pandemia, a gestão Donald Trump organizou reuniões com empresas de tecnologia, como Google, Facebook, Microsoft e Twitter, para pedir “ajuda das empresas de tecnologia para combater a desinformação” que levaria a pânico da população americana, como “corridas a supermercados” para estocar mantimentos. “Mas... estavam [realmente] ocorrendo corridas a supermercados”, afirmou Zweig.
Depois, segundo Zweig, na gestão de Joe Biden (a partir de 2021), o governo ou a pressionar o Twitter a respeito do que chamava de “contas anti-vaxxer”, como a de Alex Berenson, jornalista crítico das medidas de lockdown e da segurança das vacinas, especialmente para crianças.
“Em meados de 2021, o presidente Biden disse que as empresas de mídia social estavam ‘matando pessoas’ por permitirem desinformação sobre vacinas. Berenson foi suspenso horas após os comentários de Biden e expulso da plataforma no mês seguinte”, informou Zweig.
“Berenson processou (e depois fez um acordo com) o Twitter. No processo legal, o Twitter foi obrigado a liberar certas comunicações internas, que mostravam pressão direta da Casa Branca sobre a empresa para tomar medidas contra Berenson”, acrescentou o Twitter Files.
De acordo com Zweig, a Casa Branca manteve a pressão nos meses seguintes para influenciar diretamente a plataforma a respeito de contas que divergiam das orientações oficiais sobre a Covid-19, embora “os executivos do Twitter não tenham cedido totalmente aos desejos da equipe de Biden”.
“Mas o Twitter suprimiu opiniões – muitas de médicos e especialistas científicos – que conflitavam com as posições oficiais da Casa Branca. Como resultado, descobertas e questões legítimas que teriam expandido o debate público desapareceram [da plataforma]”, continuou Zweig.
O jornalista apontou que grande parte da moderação do conteúdo no Twitter foi conduzida por robôs (bots), treinados em aprendizado de máquina e inteligência artificial, “muito rudimentares” para um trabalho que exigia sutilezas, e por modelos de árvores de decisão (algoritmo de composição semelhante a um fluxograma), terceirizados em países como as Filipinas, “mas encarregar não-especialistas de decidir sobre tweets a respeito de tópicos complexos, como miocardite ou dados de eficácia do uso de máscaras, era algo fadado a uma significativa taxa de erros”.
Segundo Zweig, essa ênfase nos bots e nas árvores de decisão levaram a “conteúdo divergente, mas legítimo, ser rotulado como desinformação”. Ele mencionou o caso de Martin Kulldorff, epidemiologista da Harvard Medical School, que alegou que pessoas idosas de grupos de risco e seus cuidadores precisavam ser vacinados, ao contrário de crianças e pessoas já infectadas.
As opiniões de Kulldorff foram consideradas “informação falsa” pelos moderadores do Twitter e tiveram ferramentas de interação (como curtidas e compartilhamentos) proibidas, a exemplo de publicações de outros especialistas.
Zweig também mencionou o caso de Andrew Bostom, médico de Rhode Island, permanentemente suspenso do Twitter após várias acusações de espalhar desinformação, uma delas por um tweet referindo-se aos resultados de um estudo revisado por pares sobre vacinas de mRNA.
“Uma revisão dos arquivos de log do Twitter revelou que uma auditoria interna, conduzida depois que o advogado de Bostom entrou em contato com o Twitter, descobriu que apenas uma das cinco [supostas] violações de Bostom era válida”, escreveu Zweig.
“O único tweet de Bostom que ainda constava como violação citava dados que eram legítimos, mas inconvenientes para a narrativa do establishment de saúde pública sobre os riscos da gripe e da Covid-19 em crianças”, citou, fazendo referência a um tweet do médico em que ele citou dados de Rhode Island que apontariam que a gripe seria mais letal para crianças do que a Covid-19 e que a vacina contra o novo coronavírus geraria maior morbidade nesse público do que a imunização contra gripe.
Segundo Elon Musk, mais informações sobre as ações do Twitter durante a pandemia serão divulgadas na semana que vem.