Chuck Schumer não acha que ganhou a eleição.

Nancy Pelosi acha que ganhou a eleição. Seu partido perdeu cadeiras na Câmara dos Representantes em um ano no qual seus membros esperavam destroçar a oposição, mas pelo menos os democratas não perderam cadeiras suficientes para tirar dela a presidência da Câmara. Se o martelinho de presidente e sua esplêndida coleção de cachecóis Hermès são a única coisa que importa para a octogenária Pelosi, então ela tem todos os motivos para estar satisfeita.

Mas os seus correligionários não acham que ganharam a eleição. Eles acham que muitos deles levaram surras em disputas que deveriam ter vencido. A deputada Abigail Spanberger, democrata do estado da Virgínia, falou por muitos colegas quando usou um palavrão para ridicularizar as ideias de cortar dinheiro da polícia e esse papinho de socialismo. “Nunca mais digam ‘socialismo’ de novo”, ela disse. “Se continuarmos com essa história vamos nos f... bonito em 2022.” Pelosi retrucou: “Nós temos uma missão!”, insistiu. Certamente não é o que parece para os democratas no Congresso. Talvez Pelosi esteja pronta para uma missão com tapioca e bingo em algum lugar tranquilo e ensolarado.

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Os aliados de Trump acham que ganharam a eleição. O presidente pode não ter cruzado a linha de chegada em primeiro (eles ainda não estão prontos para itir isso), mas melhorou seu desempenho de 2016 em vários aspectos, mostrando que é competitivo em estados e condados que algumas das melhores mentes republicanas já tinham dado como perdidos. Depois de quatro anos sendo tratado como supremacista branco, Trump teve a melhor votação entre não brancos para qualquer candidato republicano desde Richard Nixon – o Nixon de 1960, na esteira dos avanços dos direitos civis da era Eisenhower, não o Nixon pilantra de 1972. Trump ganhou em condados no Texas que têm 96% de latinos, mas também aumentou sua votação no condado de Los Angeles, aumentou sua participação no voto dos negros e dos gays.

Consultores políticos republicanos bitolados aram décadas obcecados em ampliar sua coalizão para além do homem branco raivoso, e Trump entregou: trouxe mais homens negros, mais mulheres negras, mais latinos – da Flórida até o Texas e a Califórnia – etc. E conseguiu isso durante uma pandemia horrível e depois de uma recessão econômica feia. Eles não dirão isso às claras porque ainda não querem se livrar já do grande líder, mas muitos aliados de Trump estão imaginando o que o trumpismo conseguiria sob a liderança de alguém mais disciplinado e que não use as mídias sociais como um adolescente.

Os críticos conservadores de Trump não achamos que ganhamos a eleição. Talvez essa seja a única coisa sobre a qual estejamos certos nesse novembro.

Kevin D. Williamson é correspondente da National Review e autor de The smallest minority: independent thinking in an age of mob politics.

© 2020 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.

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