Em 10 de novembro, a recontagem havia terminado com uma diferença de 327 votos de um total de 6 milhões. A diferença foi tão pequena que vários condados tiveram de enfrentar recontagens, pois cada cédula que fosse encontrada com problemas era contestada.

As máquinas usadas em Palm Beach, por exemplo, liam cédulas perfuradas, mas não as marcavam bem, deixando-as semiperfuradas – e com a comissão eleitoral repleta de casos para decidir quais cédulas eram válidas, pois não havia consenso.

Em 26 de novembro, o conselho de apuração do estado certificou novamente Bush como vencedor, com 537 votos de diferença, mas o litígio continuou.

Em 8 de dezembro, a Suprema Corte da Flórida pediu uma recontagem em todo o estado e ordenou que os 67 condados reexaminassem manualmente os votos que haviam sido rejeitados na contagem. Os democratas ficaram exultantes com a notícia. Mas a Suprema Corte dos Estados Unidos interveio poucas horas após o início da recontagem, emitindo uma liminar para suspender o processo. Três dias depois, os ministros da Suprema Corte revogaram a decisão do tribunal estadual.

Segundo Rick Hasen, professor de Direito e Ciências Políticas da Universidade da Califórnia, e autor de The Voting Wars: From Florida 2000 to the Next Election Meltdown [As guerras de votação: da Flórida de 2000 ao próximo colapso eleitoral], na verdade foram duas votações.

A primeira, por 7-2, decidiu que a recontagem na Flórida, tal qual estava sendo conduzida, era inconstitucional, pois “não havia padrões claros sendo aplicados de forma consistente a todas as cédulas”. Depois, por 5 votos contra 4, o tribunal declarou que “o tempo havia se esgotado para encontrar uma solução”.

Essa decisão interrompeu de vez o processo e levou Bush à vitória.

Foi só a partir daí que o democrata Al Gore reconheceu relutantemente a derrota, em 13 de dezembro de 2000. Em um discurso televisionado ele afirmou que aceitava “o resultado final que seria ratificado no Colégio Eleitoral”. E acrescentou: “Nesta noite, pelo bem de nossa unidade como um povo e da força de nossa democracia, ofereço minha concessão”.

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