Assim que chegou à Casa Branca, Biden reverteu algumas políticas de imigração do governo Trump. Uma ordem executiva assinada pelo democrata revogou a proibição de entrada de viajantes de alguns países de maioria muçulmana, criada pelo seu antecessor. Ele também encerrou o financiamento para a construção do muro na fronteira com o México e anulou uma ordem que expandia os critérios para deportação, ando a priorizar as deportações de imigrantes que representam ameaça de segurança ou risco à saúde pública. 2ve72

Porém, Biden está longe de cumprir a promessa feita durante sua campanha de aumentar o limite de refugiados aceitos por ano nos EUA para 125 mil, dos atuais 15 mil estabelecidos por Trump.

Em fevereiro, a Casa Branca anunciou que esse teto iria aumentar para 62.500 refugiados (pessoas que fogem de ameaças em seus países) aceitos em um ano. Mas, em abril, o governo Biden disse que iria manter o limite anual de 15 mil do governo Trump, o que gerou muitas críticas dos membros do seu próprio partido. Após a reação negativa, a Casa Branca recuou e disse que anunciará em 15 de maio o novo limite, que deve ser maior do que o atual, mas não deve chegar a 62.500.

A crise na fronteira sul do país também continua um grande desafio para o governo americano. Apenas em março, mais de 172 mil migrantes foram detidos ao tentar entrar nos Estados Unidos. O fluxo de migrantes que chegam à fronteira com o México aumentou, especialmente o de crianças e adolescentes desacompanhados, que têm sido mantidos em estações da Patrulha da Fronteira. Esses abrigos temporários têm condições parecidas com as de prisões e não são adequadas para crianças. O Departamento de Serviços de Saúde e Humanos, responsável pelos cuidados com crianças migrantes desacompanhadas, anunciou a abertura de 11 instalações temporárias para retirar as crianças dos abrigos lotados da Patrulha da Fronteira.

Em campanha, Biden também prometeu apresentar uma legislação para criar um caminho para a cidadania de 11 milhões de imigrantes não documentados. Ele enviou uma proposta ao Congresso com os detalhes dessa legislação logo após tomar posse, mas ainda há dúvidas sobre o futuro da reforma na imigração, que é uma questão divisiva no país.

Política externa 194z2d

Com o lema "A América está de volta", Biden tem no foco de sua política de relações externas a maior presença dos EUA em organismos multilaterais.

Aliados do Ocidente celebraram a intenção do novo governo democrata de reforçar alianças e de reafirmar o papel global dos EUA. Mas também há ceticismo por parte de países que estavam satisfeitos com as políticas de Trump, como a postura dura adotada pelo republicano em relação à China e os acordos de paz fechados entre Israel e países do mundo árabe com mediação dos EUA.

A estratégia do governo de Biden para lidar com a China, principal adversário dos EUA, ainda não está bem detalhada, apesar de Biden descrever a disputa entre os dois países como "uma batalha entre a democracia e a autocracia pelo controle da economia global no século 21". Após o discurso de Biden ao Congresso americano na quarta-feira, o senador republicano Mitt Romney disse a jornalistas: "Eu não acredito que nós já temos, como nação, uma estratégia abrangente para lidar com a intenção da China de dominar o mundo".

Biden se comprometeu a retirar todas as tropas americanas do Afeganistão antes de 11 de setembro, data que marca o aniversário de 20 anos dos ataques terroristas contra o World Trade Center e o Pentágono. O movimento de retirada do Afeganistão já havia sido iniciado no governo Trump; quando Biden assumiu, o número de militares americanos no país asiático era o menor desde 2001. A saída faz parte de um acordo firmado com o Talibã durante a istração Trump.

Biden também deu os primeiros os para que os EUA retornem ao acordo nuclear com o Irã que foi implementado em 2015, no governo Obama, e abandonado por Trump. As negociações foram retomadas em abril por representantes dos EUA e do Irã em Viena.

O governo Biden também impôs sanções contra autoridades da Rússia e expulsou diplomatas russos, em resposta à ataques cibernéticos, à interferência nas eleições americanas e às ações militares russas na Crimeia. O presidente também criticou a prisão do líder opositor russo Alexey Navalny.

Mas, apesar das promessas de colocar os direitos humanos no centro de sua política externa, Biden não responsabilizou diretamente o herdeiro da Coroa Saudita, Mohammed bin Salman, pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, mesmo quando relatórios de inteligência dos EUA comprovando a participação do príncipe no crime foram divulgados.