No segundo caso, entretanto, a situação é mais complexa. O diretor da escola de Abbiategrasso, questionado sobre o caso, explicou que em seu instituto há 10% de alunos que não são de nacionalidade italiana, e desses 5% são muçulmanos. O curso em questão – um curso de língua e cultura árabe – começou pela primeira vez em 2021/22 e teve muitas adesões, não apenas de alunos muçulmanos, mas também de alunos italianos, e inclui informações sobre a cultura árabe, mas também momentos em que são degustadas comidas e sobremesas árabes. 5d5356
E, com relação às manchetes que circulam nos jornais, ele esclareceu: “Não há curso para aprender a usar o hijab. Simplesmente aconteceu, as garotas italianas pediram a suas colegas árabes para ver como usá-lo. É a curiosidade que as leva a experimentar, a curiosidade que é própria dos jovens, felizmente.... Sem dúvida continuarei a propor esta oficina nos próximos anos”, reitera o diretor. “Aqui estudamos, mas também estamos abertos às realidades que nos afetam, incluindo um curso de árabe, que é apenas uma gota no oceano dos projetos da escola”. E conclui: “Não há submissão ao Islã aqui”.
Ele certamente tem razão: agora há uma multidão de projetos nas escolas e nisso entra de tudo e mais um pouco, tirando tempo, energia e recursos do que deveria ser o principal e talvez único objetivo das escolas, isto é, ensinar e aprender as disciplinas. E está certo – embora apenas parcialmente – também sobre a questão da submissão ao Islã: não é por causa de um projeto ou de uma curiosidade natural dos jovens em relação às culturas, aos costumes e aos hábitos de outros povos que se pode sustentar totalmente essa afirmação.
Todavia, no contexto mais geral de uma presença crescente e ininterrupta de imigrantes da religião islâmica na Itália e das demandas por espaços e direitos ligados a seus costumes, hábitos e expressões religiosas, um certo alarme pode ser justificado. E pode sê-lo por vários motivos.
Em primeiro lugar, por causa da fraqueza da cultura ocidental, esvaziada de seus valores e ideais antigos e preenchida apenas com frágeis e equívocos chavões, como precisamente o da “sociedade inclusiva”. Depois, não menos importante, há a hostilidade latente que amadureceu nas últimas décadas em todo o Ocidente em relação à fé cristã, que moldou profundamente a face de nossa civilização, mas que agora é frequentemente rebaixada, ofendida e ridicularizada.
Além disso, não se deve esquecer que o Islã, como religião, carrega em si, por natureza, uma carga de agressividade e violência que exclui uma possibilidade real de integração. Mesmo na Itália não faltam episódios de extrema violência que documentam a grande dificuldade de integração, de aceitação das regras sociais e civis e, mais ainda, de conversão a outras religiões, por parte dos imigrantes muçulmanos. Como esquecer, para citar apenas um dos muitos exemplos possíveis, a terrível história de Saman Abbas, a jovem de origem paquistanesa cruelmente assassinada por seu tio simplesmente porque queria viver como os ocidentais? Além disso, o conceito de reciprocidade é quase inexistente na cultura dos povos islâmicos, como documentam amplamente as experiências dramáticas dos cristãos que vivem em países de maioria muçulmana.
Portanto, apenas com base nesses poucos elementos, é possível entender o perigo de uma abertura acrítica e de sentido único em relação à religião islâmica. O risco é – como mais de um imã declarou abertamente e como está acontecendo em outros países europeus – que eles ganhem a vantagem e consigam fazer de dentro para fora o que, durante séculos e sem sucesso definitivo, tentaram fazer militarmente de fora para dentro.
Afinal de contas, o que se pode de forma razoável esperar? Se o substantivo muçulmano – que identifica uma pessoa que segue a religião islâmica – deriva do substantivo verbal árabe muslim (plural: muslimūn) e significa “submisso a Alá”, como podemos esperar que nós mesmos não sejamos – querendo ou não – submissos?
Custa-me dizer isso, mas Oriana Fallaci, escritora e jornalista italiana, estava certa quando disse, embora sua linguagem seja um tanto “corrosiva”: “A farsa do Islã 'moderado' continua, a comédia da tolerância, a mentira da integração, a farsa do multiculturalismo. E com isso, a tentativa de nos fazer acreditar que o inimigo é uma pequena minoria e que essa pequena minoria vive em países distantes. Bem, o inimigo não é uma minoria minúscula de forma alguma. E nós o temos em casa. E é um inimigo que, à primeira vista, não aparenta ser um inimigo…”.
Com isso não queremos afirmar que todos os imigrantes muçulmanos sejam inimigos perigosos, porque também há muitas pessoas boas; no entanto, devemos ser cautelosos e vigilantes, porque não é tanto as pessoas individualmente, mas a cultura muçulmana (diretamente ligada à fé islâmica) que não aceita ou aprova o que os nossos gentebonistas pensam e implementam com relação à integração. Corremos o risco de pagar um preço muito alto por nossa ingenuidade.
Marco Lepore, nascido em Forlì em 1960, casado e pai de quatro filhos, formado em história contemporânea com diploma de especialização em ciências religiosas com foco pedagógico-didático, foi vice-diretor por muitos anos em uma importante escola de ensino médio em sua cidade. Colabora com vários jornais on-line, incluindo, em particular, o Nuova Bussola Quotidiana.
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