Por mais que tenha defeitos, os Estados Unidos ainda são um Estado democrático capaz de mudar para melhor. Mudanças da opinião pública americana ajudaram a voltar o Congresso contra o Apartheid da África do Sul, levando a sanções que ajudaram a lhe dar um fim. Na Rússia e na China, dissidentes antigoverno são acossados, presos ou até mortos. 6p124

Por causa de sua riqueza e poder, os Estados Unidos são um dos poucos países que conseguem enfrentar autocratas poderosos que mandam em Pequim e Moscou. Até mesmo democracias de maioria muçulmana recusaram-se a protestar contra a repressão brutal da China aos uigures muçulmanos da longínqua província ocidental de Xinjiang. O Paquistão, de onde emigraram os meus pais, chegou a defender publicamente a conduta da China.

Não é difícil entender o porquê: o Paquistão tem laços econômicos profundos com a China, o que provavelmente também explica por que ficou neutro no conflito Rússia-Ucrânia. Em um de seus momentos mais sinceros, o primeiro-ministro paquistanês Imran Khan confessou que estava chocado com o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi pelo governo saudita, mas acrescentou que o Paquistão não poderia se dar ao luxo de desagradar Riad, considerando as dificuldades econômicas de seu país. “Estamos desesperados neste momento”, disse ele.

O Paquistão não pode se dar ao luxo de enfrentar esses valentões — mas os Estados Unidos podem. Ultimamente, não me vejo tanto mais na retórica inflamada antiamericana das marchas contra a guerra das quais participei em 2003. Em vez disso, penso em um dos meus melhores amigos na universidade, um refugiado bósnio cuja família veio parar nos Estados Unidos durante a guerra local. Os Estados Unidos não só aceitaram de braços abertos milhares de refugiados como ele, mas também agiram em pareceria com seus aliados europeus para parar a limpeza étnica nos Bálcãs.

DeBoer e aqueles que pensam como ele se enganam. Os Estados Unidos não são uma fonte de maldade e destruição. Sim, cometemos erros, e caros, mas também continuamos sendo a melhor chance do mundo para a paz e segurança duradouras. Grande parte do mundo prefere uma ordem chefiada pelos americanos por uma boa razão. Eles viram e muitas vezes viveram as alternativas.

Zaid Jilani é jornalista e trabalhou para o Greater Good Science Center da Universidade da Califórnia.