A remoção parece uma reação às redes sociais. No domingo (24), o perfil do site de notícias libertário Zero Hedge postou uma captura de tela da página no X (antigo Twitter) e comentou que “estou ficando sem teorias da conspiração”. O dono da rede social, Elon Musk, respondeu que “sim, precisamos de algumas novas”. O que ambos não pareciam saber é que as menções à Covid no texto têm todas mais de três anos de idade. 48572k

Alguns comentaristas cometeram erros factuais. Rogan O’Handley, que tem uma conta com mais de um milhão de seguidores no X (@DC_Draino), alegou que a Mayo Clinic “atualizou discretamente seu website para dizer que a hidroxicloroquina pode ser usada para tratar pacientes da Covid”. Como o arquivo mostra, isso não é verdade, o texto foi redescoberto, mas estava na mesma forma desde o início da pandemia.

Defensores do tratamento precoce também reagiram mal ao texto redescoberto, sem saber que era antigo. O virologista brasileiro Paolo Zanotto, que leciona na Universidade de São Paulo, perguntou “isso é uma piada ruim? Ou eles não sabem que antivirais não funcionam para pacientes de Covid-19 hospitalizados?” Como o termo “tratamento precoce” sugere, a ideia não era usar o medicamento da malária em pacientes já internados, com sintomas avançados.

Que houve pressão política contra o uso de HCQ para tratar Covid é algo reconhecido pelos autores de uma revisão de agosto do ano ado. Os autores, espanhóis afiliados ao Ministério da Saúde da Espanha, à Universidade de Málaga e à Universidade Harvard, concluíram que a HCQ ajudou somente aqueles pacientes que a estavam tomando antes de se infectarem.

A Mayo Clinic não se manifestou oficialmente sobre o ocorrido até o fechamento da reportagem. A redescoberta da bula também repercutiu em um fórum interno da rede hospitalar na segunda-feira (25). Pacientes deixaram relatos de terem sido beneficiados pela aplicação “politicamente incorreta” da droga.

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