Mas uma visita à página revela outro interesse: a mãe pretende lucrar financeiramente com a exposição da criança. “Alguém aqui já monetizou o Instagram? Se sim pode me dizer como devo fazer?”, perguntou ela, em uma postagem feita em 31 de janeiro. Na verdade, a mulher parece já ter começado a ganhar dinheiro com o perfil. Para divulgar uma loja dedicada a produtos para transexuais, a página sorteou uma “fita tape”, usada para comprimir os seios em garotas que se identificam como garotos, e um vidro de minoxidil, que estimula o nascimento de pelos e, assim, ajudam a criar uma aparência masculina. A postagem ultraou os 750 comentários. k4g1i

Para a psicóloga Akemi Shiba, a situação como um todo é preocupante - a começar pela exposição da criança nas redes sociais. “Ela sendo uma influencer, está recebendo validação, ou críticas com as quais ela não tem maturidade para lidar”, afirma.

Além disso, a adoção de uma identidade pública como transexual pode causar confusão em uma fase da vida que costuma ser marcada por mudanças rápidas. “A criança está em desenvolvimento de sua identidade - que não é só gênero. Às vezes a criança tem um problema de identidade, ou está apenas se desenvolvendo, e as pessoas por vezes encaixam tudo como se fosse uma questão de gênero. Além disso, existe uma certa pressão cultural neste sentido”, afirma ela.

As pesquisas científicas sobre o tema apontam que, das crianças que acreditam ser transexuais, cerca de 70% mudam de ideia com o ar do tempo. O problema é que, como pretende fazer a mãe de Maurício, muitos pais adotam terapias hormonais e intervenções físicas que deixam sequelas irreversíveis no corpo e na mente dessas crianças.

A Gazeta do Povo fez contato com Jaciana, mas ela não respondeu aos questionamentos da reportagem. Após o envio das perguntas, ela mudou a identificação da página: em vez de exibir apenas o nome da criança, o perfil agora aparece identificado como “Mãe de Maurício”. O conteúdo, entretanto, continua o mesmo.

* Não incluímos link para a conta no Instagram e usamos um nome fictício para proteger a privacidade da criança.

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