“Foi a mesma coisa que a França fez: sofreu muito com os sindicatos, sustentou a decisão e, conforme o tempo foi ando, as coisas foram melhorando. Cada estado tem um motivo pelo qual voltou, e sentimos que há uma onda de retomada levando outros a reabrirem ou a estipularem datas para a reabertura”, observa a especialista em educação. 233u1z

Claudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), explica que o movimento de volta às aulas presenciais nas redes públicas tem se tornado realidade sobretudo nas regiões Sudeste e Sul, mas ela alerta para imes que podem inviabilizar por ainda mais tempo a retomada em alguns municípios.

Segundo ela, quase um ano e meio após o início da pandemia ainda há municípios que não deram uma resposta adequada para mitigar os prejuízos educacionais decorrentes do fechamento das escolas. “São municípios que planejam voltar apenas no segundo semestre e ainda nem planejaram uma data. Isso é bastante preocupante”, destaca.

Com a troca de gestão nas istrações municipais, prefeitos que não viam grandes chances de reeleição, de acordo com Claudia, não se empenharam para fazer as obras necessárias para adequar as escolas aos protocolos de segurança, o que gerou imes para os eleitos (mandatos de 2021 a 2024). Os investimentos seriam para viabilizar os protocolos sanitários e pedagógicos, ampliar a ventilação dos ambientes fechados e incluir lavatórios.

Prefeitura de Linhares/ES criou uma cartilha para orientar pais e servidores sobre os protocolos de volta às aulas presenciais (Crédito: Prefeitura Linhares)

Vacinação dos profissionais de educação 1pu6t

Ainda que parcialmente, em junho de 2021 todos os estados começaram a vacinar os profissionais de educação contra a Covid-19. Algumas unidades federativas, como Amapá e Distrito Federal, têm destinado aos educadores a vacina da Janssen, produzida pela farmacêutica Johnson & Johnson, que é de dose única, a fim de acelerar a imunização da categoria e a volta às aulas presenciais.

Embora a vacinação dos professores e demais profissionais de educação ainda deva se estender durante todo o mês de julho em algumas regiões, de acordo com as fontes ouvidas pela Gazeta do Povo, é possível voltar às aulas com segurança desde já. “Há vários epidemiologistas que apontam que é seguro retornar com os professores tendo recebido apenas a primeira dose. Existem diversos estudos citando que escolas que implementam os protocolos de biossegurança com sucesso e rigidez se tornam ambientes mais seguros do que a própria casa dos alunos, porque em casa normalmente não tem nenhum tipo de protocolo”, salienta Carolina.

Ela cita ainda estudos que concluíram que crianças contaminam menos e transmitem menos a Covid-19. “Vários estados estão com a vacinação de professores bem adiantada, e a partir da primeira dose já há uma imunização, o que permite a retomada – desde que observando os protocolos de segurança. Diante desse cenário, não faz sentido continuar insistindo em mais um semestre sem aula”.

Claudia afirma que os impactos da atual crise de saúde na educação – sobretudo em alunos em maior vulnerabilidade, que desde o início da pandemia aram por dificuldades de o às aulas por falta de tecnologia – são a maior crise educacional da história moderna, o que demonstra a urgência de um retorno imediato às atividades presenciais.

“Não houve nenhuma outra crise educacional tão séria, nem na Segunda Guerra Mundial. Além das enormes perdas educacionais, há outras consequências, como evasão escolar, trabalho infantil, exploração sexual e suicídio de adolescentes. Isso nos coloca em sentido de urgência para organizar uma volta o máximo de segurança possível. Estamos com tudo aberto – bares, restaurantes, comércio. Só não pode abrir escola?”, questiona.

Claudia reforça a importância de as escolas reabrirem mesmo sem a segunda dose de imunização dos profissionais de educação. “Como em outros países, não só na Europa, mas também na África, a volta às aulas ocorreu sem todos os professores estarem vacinados com as duas doses e sem uma parcela muito grande da população estar imunizada”, afirma. “Não ter tomado as duas doses não significa que não se possa voltar, mas sim que vamos ter que tomar alguns cuidados adicionais por mais algum tempo”.

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A experiência de fechar e reabrir escolas conforme os números da pandemia oscilam é algo com que os países deverão aprender a lidar, como aponta a 2ª edição do Levantamento Internacional de Retomada das Aulas Presenciais, que analisou os resultados da reabertura de escolas em 21 países de diferentes continentes durante a pandemia de Covid-19.

As escolas particulares e as redes de ensino público, entretanto, devem ter protocolos claros para lidar com casos de contaminações. Essas medidas evitam o fechamento completo das escolas a partir da identificação de contaminados. Para Claudia, a experiência europeia mostra protocolos efetivos a partir do monitoramento de casos. “Se identificou apenas um caso, fecha aquela sala por 14 dias; se são mais de três turmas, fecha a escola por 14 dias. Não precisa fechar todas as escolas após o surgimento de casos pontuais”, explica a educadora.

Claudia reforça que a experiência das escolas brasileiras que já reabriram, além da experiência internacional, mostra que o contágio entre alunos é muito baixo e que as infecções entre os professores não ocorrem necessariamente nas escolas.

Além disso, Carolina ressalta a importância de desmistificar que abrir e fechar as escolas durante o processo de retomada é algo negativo. “Isso faz parte. Até hoje isso está acontecendo em Israel, que é o país que mais vacinou proporcionalmente no mundo”, destaca.

Saiba como está a situação da volta às aulas em cada estado brasileiro 2y1w21