O acúmulo de recursos é importante porque, em um momento de maior segurança, é o que vai motivar o consumidor a gastar. “O problema é que isso é um fomento de curtíssimo prazo e pode não dar andamento do consumo como crescimento sustentável. Essa poupança foi gerada pelo não consumo de serviços, pela atrofia do setor. Com a flexibilização do isolamento social, o setor de serviços vai abrir as portas e esse dinheiro volta para lá”, avalia Simone Pasianotto, da Reag Investimentos.
Para ela, esse dinheiro pode até ser uma faísca para induzir o crescimento econômico ao longo deste semestre e durante o primeiro trimestre de 2021, quando famílias que tiverem algum recurso usarão em atividades de turismo e eios. “É um estímulo de curto prazo, e o efeito multiplicador é restritivo.”
Para Izis Ferreira, da CNC, ainda que essa liquidez da poupança ajude, ela não resolverá sozinha o problema da recuperação econômica brasileira. Essa retomada vai depender do perfil anterior da família.
Aquelas que já conseguem poupar seguirão economizando – e a economista aposta em mais recordes de captação líquida da poupança nos próximos meses, impulsionada pelas famílias mais ricas. Assim que se sentirem seguras e retomarem as atividades, essas famílias voltarão a gastar.
“Quando isso acontecer, e as pessoas puderem reverter a poupança para consumo de produtos ou serviços, essa liquidez pode impactar positivamente na economia. Mas o comportamento do consumidor está muito associado ao tratamento mais incisivo da doença. Sem resposta concreta de como conter o vírus, esse comportamento não vai mudar”, pondera.
Na outra ponta, as pessoas que já têm uma renda menor e estão pressionadas por dívidas possivelmente serão as mais vulneráveis à instabilidade do mercado de trabalho. “As pessoas nessa faixa de renda vão postergar as decisões de consumo mais caras por já estarem endividadas e pelo temor do emprego no futuro”, avalia.
A economista ressalta que para essa parcela da população, o nome é o principal ativo, o que deve motivá-las a sair da inadimplência o quanto antes.
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Conteúdo editado por: Fernando Jasper