“A gente espera uma certa dificuldade do governo, no ano que vem, de manter esses recordes arrecadatórios que a gente viu ao longo deste ano. Então o esforço para achar fontes de receita vai ter que ser ainda maior”, disse. 1ne44
No acumulado de 12 meses até setembro, segundo a Secretaria do Tesouro Nacional, o governo central acumula superávit de R$ 10,94 bilhões. A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia projeta ao fim de 2022 um superávit primário de R$ 59,3 bilhões, que equivaleria a 0,62% do PIB, também segundo estimativa da pasta.
A XP Investimentos calcula que, com a aprovação da proposta, o resultado primário em 2023 pode chegar a um déficit de 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB), elevando a dívida pública de 76% do PIB em 2022 para 87,6% ao fim do mandato do novo governo, em 2026, considerando que as despesas adicionais sejam corrigidas somente pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Em um cenário de crescimento real de 2% nos gastos, o indicador pode chegar a 92,9%. Já se o Banco Central mantiver inalterada a taxa básica de juros, atualmente em 13,75%, o impacto será ainda maior, podendo elevar a dívida a 108,4% do PIB em quatro anos.
Na última quinta-feira (17), o coordenador dos grupos técnicos da equipe de transição, ex-ministro Aloizio Mercadante, afirmou que a equipe estuda a possibilidade de rever isenções fiscais concedidas atualmente no país com o objetivo de aumentar a arrecadação federal sem elevar a carga tributária.
“Aumento de receita não significa aumento de carga tributária. Ontem [quarta-feira, 16], por exemplo, vocês viram aqui o TCU [Tribunal de Contas da União]: R$ 400 bilhões de subsídios, de incentivo fiscal. Uma revisão nisso dá um ganho importante e há outras propostas bem interessantes que serão apresentadas no momento oportuno. Teremos belas surpresas nessa área”, afirmou Mercadante, durante entrevista coletiva.