A legislação prevê uma rápida ampliação dos investimentos dos concessionários para que as metas propostas – 99% da população tenha o à água potável e 90% à coleta e tratamento de esgoto – sejam atingidas até 2033. 342p3g
“A expectativa de aumento dos investimentos reflete no planejamento, tanto das empresas públicas mais relevantes, quanto privadas, sugerindo que o novo marco está tendo um impacto transformador no setor, obrigando os estados e suas empresas a procurarem uma solução para anos seguidos de investimentos insuficientes que caracterizou o setor no país”, destaca o relatório da consultoria.
A projeção para o setor de transportes é de uma expansão de 41,2% nos investimentos, atingindo R$ 67,5 bilhões neste ano. Um dos segmentos de maior destaque deve ser o de rodovias, na medida em que os investimentos anunciados em âmbito federal se concretizem.
No segmento portuário, a projeção da Inter.B é de um crescimento mais modesto em 2023: 2,6%, chegando a R$ 3,9 bilhões.
O segmento de hidrovias sofre com baixos investimentos. A expectativa é de que sejam destinados R$ 400 milhões em 2023. Os recursos aplicados são concentrados em esforços do governo federal e de poucas empresas privadas que atuam na área. Pesam contra a falta de destinação de recursos uma legislação e regulação que dê segurança jurídica e abra espaço para a exploração do regime de concessão.
Os investimentos em ferrovias, por sua vez, devem cair 13% neste ano, atingindo R$ 8 bilhões. A quase totalidade dos recursos vêm de empresas privadas. Os últimos dois anos foram marcados por pesados investimentos no setor, motivado pelo Marco Legal das Ferrovias, aprovado em 2021 e regulamentado em 2022.
A consultoria entende que o novo marco possibilita projetos, construção e operação de ferrovias e terminais ferroviários sob o regime de autorização, mais flexível que uma concessão, e submetido a menos regras e restrições.
A carteira de investimentos para os próximos anos é de R$ 170 bilhões, para agregar 12 mil quilômetros de ferrovias no médio e longo prazo. Mas, a Inter.B faz uma ressalva: “É, contudo, provável que um número significativo, mais ainda indeterminado, dos projetos não se concretize, seja pela não viabilidade econômico-financeira ou pela fragilidade dos grupos proponentes”.
Depois de um ciclo, em 2020 e 2021, marcado pela pandemia da Covid-19 e pelas incertezas em relação ao timing de reabertura das economias, no qual os investimentos enfrentaram forte redução, a expectativa é de um forte crescimento das aplicações de recursos em aeroportos. A Inter.B projeta uma expansão de 28,6% neste ano, para R$ 1,8 bilhão.
Os investimentos em mobilidade urbana devem permanecer estáveis em R$ 5,4 bilhões neste ano, direcionados especialmente por empreendimentos em São Paulo. Para os próximos anos, as projeções sinalizam para mais investimentos no transporte de alta capacidade, estruturados sob a forma de parcerias público-privadas entre governos de estados e operadores privados.
Mesmo com o crescimento verificado nos últimos anos, o volume de recursos aplicados é insuficiente para atender às necessidades de infraestrutura. A Inter.B elenca fatores para explicar as deficiências de investimentos no setor:
Mesmo com essa falta de avanços, a consultoria aponta que o Brasil é extremamente atraente no setor, por fatores como a grande extensão territorial e carteiras significativas de projetos. Geralmente, porém, os investimentos são feitos por investidores “aclimatados” ao país. Os novos investidores são poucos.
O caminho para a intensificação dos investimentos em infraestrutura depende da mobilização de mais recursos privados, inclusive externos, e de melhoras na governança dos investimentos públicos, que devem ser direcionados a áreas de maior retorno social. Para isso, a consultoria elenca uma série de fatores que podem contribuir para o maior direcionamento de recursos:
A Inter.B avalia que é possível ampliar os investimentos em infraestrutura e melhorar a qualidade destes. “É fundamental que se tenha o médio e longo prazo como horizonte”, diz.