Também ficam excetuados do limite de despesas gastos com recursos de transferências entre os demais entes federativos para a União destinados à execução de obras e serviços de engenharia.

Além disso, não entram na regra fiscal despesas de instituições federais de ensino superior feitas com receitas próprias, doações ou convênios; e gastos com projetos socioambientais ou relativos às mudanças climáticas custeados com doações ou com recursos decorrentes de acordos firmados em função de desastres ambientais.

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PEC perdeu musculatura desde que foi apresentada

Embora seja considerada uma vitória do presidente eleito, a aprovação do texto exigiu o consumo de parte considerável da margem de negociação trazida na versão original. Ainda em discussão para formação de uma base no Congresso, o PT viu a proposta ser enfraquecida a cada nova etapa da tramitação.

A minuta do texto, divulgada pelo vice-presidente eleito e coordenador da transição, Geraldo Alckmin (PSB), no dia 16 de novembro, previa excepcionalizar de forma permanente os recursos necessários para o Bolsa Família, além de um porcentual do excesso de arrecadação de 2022, o que somaria R$ 198,9 bilhões para 2023.

Para conseguir as 27 s necessárias para que a proposta começasse a tramitar no Senado, a base petista aceitou estabelecer um prazo de quatro anos para a duração dos efeitos da PEC.

Na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, o relator, senador Alexandre Silveira (PSD-MG) acatou emendas de membros do colegiado e apresentou substitutivo reduzindo a vigência da excepcionalização das despesas para dois anos. Para as despesas relativas ao Bolsa Família, a nova versão também ou a prever a ampliação do teto de gastos em R$ 175 bilhões em vez de retirar o programa do alcance da regra fiscal.

Durante a votação do texto na comissão, o PT aceitou reduzir o valor para R$ 145 bilhões para ter o parecer aprovado. Por outro lado, um dispositivo acrescentado na versão final do relatório permitirá que a União utilize recursos parados em contas do PIS/Pasep para realização de investimentos públicos. Em agosto, a Caixa informou haver R$ 24,6 bilhões em cotas dos programas.

Após ser aprovado com margem considerável e sem novas modificações no plenário do Senado, no dia 7 de dezembro, a PEC ficou em como de espera na Câmara dos Deputados por decisão do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que tentava negociar com o governo eleito cargos para aliados em troca de votos para a aprovação do texto. Lira aguardava ainda o fim do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a constitucionalidade das emendas de relator ao Orçamento, que ocorreu na segunda-feira (19).

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Com uma adesão menor ao texto na Câmara, a equipe de Lula aceitou recuar ainda mais a proposta, reduzindo a duração da licença para gastos extrateto de dois para um ano. O acordo foi fechado em reunião que contou com a presença de Lira e do futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, além de líderes partidários e outros deputados.

Também foi retirado da matéria artigo que excluía do alcance do teto investimentos em infraestrutura executados “com recursos de operações financeiras com organismos multilaterais dos quais o Brasil faz parte”. Opositores à proposta viam o dispositivo como uma “licença ilimitada” para gastos com empréstimos de instituições internacionais.

Em outra alteração acordada entre parlamentares e a equipe do presidente eleito, a PEC ou a estabelecer a destinação de R$ 9,85 bilhões para “emendas para ações voltadas à execução de políticas públicas”, que caberão ao relator-geral do Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI).

O valor é parte dos R$ 19,4 bilhões que seriam destinados em 2023 a emendas de relator, que foram declaradas inconstitucionais pelo STF. O restante será distribuído para emendas individuais de deputados e senadores, que têm natureza impositiva.

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Após os deputados aprovarem, em primeira discussão, o texto-base da proposta, com placar de 331 votos a favor e 168 contrários, a redação sofreu mais uma modificação, em um novo revés para o PT. Um destaque apresentado pela bancada do PL suprimiu trecho que previa que a equipe de transição poderia apresentar sugestões de destinação dos R$ 145 bilhões de ampliação do teto.

Com a retirada do trecho, a prerrogativa ou a ser limitada ao Legislativo, por meio das comissões permanentes das Casas e do relator-geral do Orçamento, o que impõe a equipe do futuro governo a necessidade de negociação da distribuição das verbas.

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