A economia chinesa teve um 2022 muito complicado, marcado pela desaceleração da atividade econômica, decorrente de rígidas regras de contenção da Covid-19, que limitaram a produção industrial, as vendas domésticas e o comércio internacional. Um dos exemplos dessa situação foram os lockdowns registrados no primeiro semestre em importantes polos econômicos do Leste da China, como as regiões de Shenzhen e Xangai.
O Brasil, enquanto isso, foi beneficiado especialmente pelo desempenho da atividade econômica no primeiro semestre. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que nos nove primeiros meses do ano o PIB brasileiro teve expansão de 3,2% em comparação a igual período de 2021. Os serviços puxaram o desempenho, com um incremento de 4,4%.
O cenário era completamente diferente em 1980, a última vez em que o Brasil tinha crescido mais do que a China, então sétima maior economia do globo. As taxas de crescimento naquele ano foram de 9,2% e 7,8%, respectivamente.
Na época, a China começava a empreender, sob Deng Xiaoping, as primeiras reformas que a tornariam a segunda potência econômica do planeta. Enquanto isso o Brasil, 16.ª maior economia de então, encerrava um ciclo de forte crescimento, iniciado em 1967, e se encaminhava para quase uma década e meia de turbulências econômicas. A partir dali, o país enfrentou as consequências de moratória da dívida externa, hiperinflação e sucessivos planos econômicos para tentar estabilizar os preços, o que só seria concretizado em 1994, com o Plano Real.
Ao que tudo indica, o período de expansão mais forte do Brasil foi breve. As expectativas são de que a China volte a crescer mais neste ano, de acordo com dados do FMI. Bem mais, aliás: as primeiras projeções para o gigante asiático sinalizam para uma expansão de 5,2% em 2023. Para o Brasil, o Fundo espera alta de apenas 1,2%.
Um dos fatores que contribui para o crescimento do país asiático é o fim da rígida política de contenção da pandemia, que levou a uma rápida reabertura da economia. Mas há sinais de alerta no ar: a recuperação pode travar devido a ondas de Covid-19 ou desaceleração do setor imobiliário, que é relevante para a China.
O economista-chefe do Fundo, Pierre-Olivier Gourinchas, aponta que ainda há sinais de fraqueza no segmento imobiliário. Relatório do FMI aponta que é uma “grande fonte de vulnerabilidade” que pode levar a uma inadimplência generalizada e instabilidade no mercado financeiro chinês.