“O cenário é bom, mas estamos comparando com sete países da América Latina. Se a gente comparar com Estados Unidos, Ásia e Norte da Europa, a situação fica bem feia”, avalia Tania Consentino, presidente da Microsoft Brasil. “Vamos olhar para o lado positivo. A situação é feia, mas temos uma possibilidade enorme de melhorias se a gente fizer a coisa certa”.

Para que a economia brasileira seja beneficiada pelos avanços tecnológicos, a pesquisa sugere que cinco áreas sejam priorizadas nos investimentos: serviços públicos; educação; pesquisa e inovação; infraestrutura de tecnologia; regulamentação e legislação. Para isso, aponta o estudo, é necessária uma estratégia nacional de IA aliada com o envolvimento do setor privado, da academia e da sociedade civil.

“O nível de colaboração entre indústria e universidades é baixo. Tem muito dinheiro para pesquisa na universidade, mas não tem muita aplicação na prática. O Brasil já testou Parcerias Público-Privadas (PPPs) em infraestrutura, então poderia ter mais parcerias na pesquisa aplicada”, sugere Pablo Gonzalez, diretor de pesquisa na América Latina da DuckerFrontier, que comandou o estudo.

Estratégia nacional

A pesquisa sugere que o governo brasileiro invista no poder da computação em nuvem, na criação de um banco de dados nacional para uso público e privado, e na criação de um Centro Nacional de Pesquisa em Inteligência Artificial.

Além disso, a IA deveria ser implementada na prestação de serviços públicos e o sistema educacional deveria investir no ensino de habilidades como inteligência computacional. Outras recomendações são o fomento à participação de mulheres em carreiras de tecnologia e dar estímulos a startups.

No começo de novembro, o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, anunciou a criação de oito laboratórios de inteligência artificial no país, que vão trabalhar em rede. Quatro deles estarão voltados para a chamada Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês), que conectará objetos do cotidiano à internet.

“Um desses laboratórios vai trabalhar nas fronteiras do conhecimento em inteligência artificial, com segurança cibernética, em conjunto com o Exército Brasileiro. Os outros sete serão de inteligência artificial aplicada. Dentre esses sete, que convergem para o planejamento estratégico, quatro estão conectados com o Decreto [9.854/19] de Internet das Coisas, que prevê [a instituição de] quatro câmaras: cidades 4.0, indústria 4.0, agro 4.0 [rural] e saúde 4.0”, explicou Pontes.

Contudo, o ministro não deu prazo para a implementação completa desses laboratórios e não disse onde estarão localizados. Um edital deve ser lançado em breve, de acordo com o ministério.

*O jornalista viajou a convite da Microsoft

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