De início, o filme traz poucos modelos de virtude. O protagonista é um mulherengo que demonstra tanta indiferença com a esposa quanto com suas amantes. O chefe do jornal é uma figura inescrupulosa e cínica que pouco liga para a morte de uma de suas repórteres em um acidente. O investigador do caso não parece disposto a colocar suas convicções em cheque. Já o prisioneiro à espera da execução, embora alegue inocência, vive em paz: arrependeu-se dos erros do ado, formou uma família, converteu-se ao Cristianismo e enfrenta uma situação aterrorizante com um estoicismo inabalável. Por isso mesmo, o arco da redenção que guia a história não é o do preso, mas sim do jornalista.

O filme é uma adaptação do livro homônimo de Andrew Klavan, que tem uma sólida carreira como autor de ficção mas hoje também é conhecido como comentarista da plataforma conservadora Daily Wire.

Crime Verdadeiro oferece também uma imersão em um universo que dava os seus últimos suspiros: a redação de um jornal impresso nos anos 1990. A internet estava na infância, os computadores haviam acabado de substituir as máquinas de escrever e os jornalistas mais antigos – como o personagem de Eastwood – ainda relutavam em abrir mão do cigarro em lugares fechados. Os tempos hoje são outros. O Oakland Tribune, retratado no filme, nem existe mais. A mensagem do filme, entretanto, continua atual: a justiça plena exige liberdade para discordar da versão oficial dos fatos.

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