, história da escritora irlandesa Claire Keegan, publicada na revista The New Yorker, em 2010. O principal mérito de Bairéad é ter conseguido transferir para a tela toda a prosa contida e dolorosa de uma história narrada na primeira pessoa por uma menina que tem muitas coisas acontecendo dentro de si que não sabe como expressar. Não foi uma tarefa fácil, já que a história, de apenas 30 páginas, mal oferece um pingo de ação, nem mesmo muitas pistas sobre o drama que envolve as duas famílias. Também não é necessário. Porque em A Menina Silenciosa tudo o que acontece, acontece internamente, no coração, na alma da menina protagonista e do casal que a acolhe. E o que acontece é nem mais nem menos que a abertura desses corações ao afeto. Um carinho que é a única arma capaz de derrubar o silêncio, que é para Cait uma armadura eficaz, a trincheira para se proteger de ser ferida.
É surpreendente que um filme tão pequeno, com tão pouca ação e tão poucos diálogos, seja tão emocionante, com um final que, na sua simplicidade, leva o espectador às lágrimas. No fundo, tem a ver com os recursos narrativos da história, com aquele apelo ao bem, à humanidade, à capacidade redentora do amor, no meio da imperfeição e dos limites. E também tem a ver com o cuidado primoroso dos recursos cinematográficos; com a magnífica atuação da estreante Catherine Clinch – sabiamente dirigida – com a trilha sonora envolvente de Stephen Rennicks e com a brilhante fotografia de Kate McCullough. Pena que o Oscar do ano ado ficou com Nada de Novo no Front.
© 2024 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol.
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