Consumo crescente
Os dados levantados pela Ideal Consulting encontram semelhanças com os apurados pela União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), que aponta um crescimento de 29,85% para os vinhos finos e 12,29 para os espumantes. Para o presidente da entidade, Deunir Argenta, embora o volume exportado ainda seja pequeno, já demonstra que a bebida nacional está sendo reconhecida pelo mundo.
“O mundo está enxergando a melhora na qualidade das nossas uvas e da vinificação, melhoramos muito nos últimos anos. As vinícolas brasileiras têm hoje a mesma técnica e equipamentos utilizados pelos europeus, e isso está sendo reconhecido”, explica.
A isso se soma a participação cada vez maior dos produtores brasileiros nas feiras internacionais de promoção dos vinhos, abrindo novos mercados e chegando até mesmo ao Reino Unido, segundo a Uvibra.
Nos dados consolidados, foram 4,4 milhões de
litros de vinhos finos e 771 mil de espumantes exportados em 2020. Já o suco de
uva teve uma queda expressiva de 43,13%, ando de 2,4 milhões para 1,3
milhão, segundo a Uvibra.
Gosto peculiar
Na cooperativa gaúcha Aurora, por exemplo, as vendas para o mercado externo tiveram uma alta de 47,6% em 2020 na comparação com 2019. Foram 668 mil litros de produtos como vinhos, espumantes, sucos de uva e coolers para países como a China (principal comprador com 36%), Holanda, Paraguai, Haiti, Estados Unidos e Japão.
Segundo Giorgia Forest, supervisora de exportação e importação da cooperativa, os chineses têm um gosto peculiar que varia de bebidas completamente sem álcool – o suco de uva responde por 53% da exportação da Aurora – até vinhos e espumantes mais pronunciados.
“São características que eles mais valorizam: uva bem marcante, fruta fresca e doçura. Os chineses preferem produtos pronunciados no paladar, sejam eles vinhos bem potentes, bem alcoólicos e com bastante taninos ou ao contrário, como vinhos com baixo teor alcoólico, mas bem intensos e aromáticos”, conta.
Os espumantes comprados pela China representaram
37% das exportações da Aurora, além de 16% dos vinhos. A cooperativa vende para
o país asiático desde 2012, e atualmente conta com 12 importadores locais que
comercializam diferentes produtos da marca sem competir entre si.
Felipe Galtaroça, da Ideal Consulting, explica
que países com pouca tradição no consumo de vinhos, como Haiti (7,8%) e
Colômbia (3,5%), aram a figurar por conta de vendas pontuais. Mas também
pelo trabalho desenvolvido pelos produtores junto aos importadores.
Enquanto a China e os Estados Unidos aram a
ser os maiores consumidores internacionais dos espumantes brasileiros, o
Paraguai avançou 31,5% na compra dos vinhos nacionais. O país consome 63,7% da
bebida, mas apenas de vinhos de mesa.
Otimismo
O ano de 2021 também deve ser de novos recordes de produção e de exportação dos vinhos brasileiros. A safra está estimada em 800 mil toneladas só no Rio Grande do Sul, responsável por 90% da bebida produzida no país.
Deunir Argenta explica que a safra recorde tem
seu lado bom e ruim. O bom é que mostra como a produção brasileira de vinhos
finos têm avançado e melhorado com o ar dos anos. Já o ruim será o gargalo
de distribuição, por conta da falta de garrafas que vem acontecendo desde 2020.
“Se já enfrentávamos este problema com uma safra menor, nosso grande desafio será resolver esta situação, uma vez que o consumo per capita subiu no ano ado. Mas, com a safra recorde, conseguiremos repor os estoques que venderam sem precedentes em 2020”, conta.
A expectativa das indústrias é de que a falta de insumos seja normalizada até o segundo semestre. Por outro lado, a continuidade do crescimento das vendas vai depender também de como a pandemia do coronavírus avançar.
“No ano ado nós tínhamos uma pandemia, mas
não sabíamos como ela iria se comportar. Para este ano já sabemos, mas essa
segunda onda ainda nos deixa ansiosos sobre como serão os hábitos das pessoas”,
completa o presidente da Uvibra.
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Brasil tem hoje 831 vinícolas, sendo 614 delas localizadas no Rio Grande do Sul.

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