Estatísticas do índice do Empresômetro apontam que outra parte destes novos negócios é de antigos empreendedores do setor de alimentação fora do lar que encerraram um modelo de operação para iniciar outro. Segundo Amaral, muitos deles fecharam os pontos fixos para investir no formato de delivery, que deu um salto ao longo da pandemia.
“Os restaurantes tradicionais e as lanchonetes não tinham a visão do delivery, e foram forçadas pelo fechamento obrigatório a começarem a operar, mas sem uma estrutura e uma visão do que é o delivery. Já os novos negócios que estão surgindo estão incluindo o serviço nas suas estratégias de venda”, conta.
É exatamente o que apontou a mais recente pesquisa da Brain Inteligência Estratégica feita com exclusividade ao FoodCo., a nova plataforma de comunidade e educação da Pinó, da Gazeta do Povo. De acordo com o levantamento, os aplicativos de delivery aram a ser usados por 56% dos entrevistados, sendo que 14% usavam pouco e 42% já tinham uma frequência maior.
Destes, 26% disseram ter aumentado muito o uso, e 37% um pouco. Isso confirma o que o que Gilberto Luiz do Amaral classifica como uma “mudança cultural da população”, que não deixou de consumir alimentos prontos mesmo com o fechamento dos restaurantes. Apenas mudou a forma de compra-los.
“As pessoas não deixaram de comer alimentos preparados fora de casa, mas não sabiam o que era pedir uma comida através de aplicativos. Com isso o mercado foi ampliado”, afirma.
Aposta na retomada
É o que o empresário Leonardo Macedo, da rede de docerias Nanica Brasil, viu acontecer do ano ado para cá. Durante a pandemia do coronavírus, as vendas triplicaram no delivery dele, o que permitiu a abertura de mais pontos voltados exclusivamente para as entregas em São Paulo.
“Entramos em 2020 com uma loja física e duas dark kitchens, e aí as notícias da pandemia começaram a chegar. Mas nós já estávamos preparados para o delivery desde o começo, e vimos as vendas triplicarem e abrimos mais uma dark kitchen em São Paulo e uma em Campinas, apostamos na retomada”, explica.
Isso confirma o que a Brain atribuiu aos dados da pesquisa, de que os empreendedores que se prepararam para o delivery teriam um desempenho de vendas maior durante e após a pandemia.
Com a flexibilização dos decretos sanitários por todo o país em função do avanço da vacinação, Gilberto Luiz do Amaral diz que mais e mais negócios estão podendo voltar a operar com uma maior capacidade ou limite de horários de atendimento. A chegada do verão, segundo ele, vai ser de novas apostas de negócios.
“Vemos também os empreendedores indo para determinados nichos de atuação [como comida vegetariana, etc], e veremos ainda a abertura de muitos negócios com espaços de convivência ao ar livre e de reunião de pessoas para socializarem e cozinharem juntas”, afirma.
Isso deve ocorrer por conta da necessidade de socialização que as pessoas têm após tantos meses de pandemia e de restrições sociais, como também vem sendo apontado em pesquisas de mercado.