Mercado chinês sobe a régua e faz o que é melhor para a economia deles, diz presidente da Faep 292r5j

Para o presidente da Faep, a estratégia comercial chinesa fica clara, “ao subirem a régua excessivamente em parâmetros que poderiam diferenciar economicamente o produto (brasileiro), como teor de óleo e proteína, e sugerir percentual menor de umidade”. Meneguette reforça no documento que, assim, os chineses fazem o que é melhor para a economia deles, como francos importadores.

“Deveríamos ter a mesma postura. Além disso, nada impede que tais exigências de mercado sejam cumpridas por parte dos exportadores, uma vez que o papel destes na cadeia produtiva é de, justamente, padronizar produtos, de acordo com a exigência de seus clientes", avalia. Outra questão crucial a ser considerada, na avaliação de Meneguette, é a avaliação do histórico de ocorrência de lotes de soja brasileira deterioradas, com perda de coloração, relatados pelos importadores, tendo como causa o percentual de umidade maior que o recomendado. "Se não há, ou se foram resultado de falhas pontuais de procedimento operacional, qual a necessidade de se alterar esse parâmetro?”, questiona o presidente da Faep.

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Ao analisar profundamente o impacto que essa redução de umidade traria à produção brasileira, o presidente da Faep lembra que o Brasil colhe predominantemente em condições de alta temperatura e maior umidade em períodos que antecedem ou sucedem a operação.

“Clima e ponto de colheita são fatores incontroláveis. O risco de aguardar queda de um ponto percentual de umidade a campo é inissível diante da possibilidade de secagem em ambiente controlado. E o produtor, com margens apertadas de lucro, tentará evitar descontos na entrega de seu produto. A determinação de umidade nas unidades de recebimento já é o ponto de maior conflito na classificação de grãos, ao menos aqui no Paraná, e é também o de menor transparência no que se refere à cobrança pela operação de secagem, quase sempre não discriminadas como serviço, como deveria, mas padronizada em tabelas de descontos, que são os mais variados possível”, argumenta Meneguette.

O ofício da Faep leva em conta um parecer técnico no qual a Embrapa, em recente publicação sobre o sistema de produção de soja, alerta às consequências do retardamento da colheita, indicando que a espera por menor umidade pode provocar a deterioração e elevação da incidência de patógenos, referindo-se à produção de semente, mas totalmente aplicável ao grão comercial.

“Além disso, quanto mais seca estiver a lavoura, maior poderá ser a deiscência, com redução acentuada na qualidade do produto. Na mesma publicação, ressalta-se que a soja colhida com umidade entre 13% e 14% tem minimizado problemas de danos mecânicos e latentes nos grãos. Já a colheita de produto com umidade superior a 14% resultará em mais danos mecânicos latentes, e se realizada com teores abaixo de 13%, estará suscetível ao dano mecânico imediato, ou seja, à quebra”, considera o presidente da Faep.

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O presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, Ricardo Arioli, aponta que o Brasil adota o padrão de 14% de umidade do grão de soja desde o início do plantio e que a mudança exigiria adaptações para controle de umidade no processo de armazenamento, o que implicaria no aumento dos custos de produção.

Arioli reitera que a CNA está aberta ao diálogo e continuará defendendo a manutenção do teor de umidade da soja de 14% ou uma compensação financeira justa para o produtor rural aceitar a alteração da umidade.

O Ministério da Agricultura justifica que a medida proposta é resultado de um trabalho técnico para melhorar a identidade e qualidade do cereal brasileiro, atendendo a padrões internacionais como dos Estados Unidos e da China. O Mapa tem defendido ainda que não cabe à pasta interferir nas relações comerciais baseadas nestes parâmetros de umidade.

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